Algumas capitais podem adiantar o 5G, mas demanda por equipamentos é grande

Foto: Pixabay

Com a decisão do Conselho Diretor de aprovar o prazo adicional de 60 dias para a liberação da faixa de 3,5 GHz, foi divulgado no sistema da Anatel o relatório do conselheiro Emmanoel Campelo que contemplou a proposta trazida pelo GAISPI, o grupo de acompanhamento da interferência na frequência. Nesse documento, Campelo destaca que é possível que algumas capitais adiantem a limpeza e, consequentemente, o início da operação do 5G

Não será uma tarefa fácil. As chamada de propostas (RFP, na sigla em inglês) mostraram que os diferentes equipamentos necessários para a mitigação da banda C estendida (3.625-3.700 GHz) não chegariam a tempo de cumprir as demandas do prazo original. E poderá ser necessário mais LNBs com filtros embutidos do que o esperado.

O GAISPI não considera que o prazo adicional signifique "retardo significativo" na implantação do 5G, mas sim uma "garantia de segurança de todo o processo". O entendimento do grupo é que a entrega parcial de filtros e LNBs poderia liberar "algumas capitais" a partir do dia 30 de junho. Isso com o "ações de contingência e a aplicação de soluções de engenharia" para acelerar a liberação de mais capitais. O documento não define quais seriam essas capitais, mas pela tabela abaixo, é possível verificar que cidades como Vitória demandam menos estações para as ações de mitigação.

Notícias relacionadas

Mitigação

Com base nas RFPs, foi sendo possível visualizar o cenário. Para as estações do serviço fixo satelital (FSS) operando na faixa de 3,8 GHz a 4,2 GHz, será instalado um "filtro standard" (padrão). Para a 3,7-3,8 GHz, "nos casos em que for possível", as estações utilizarão um "filtro enhanced" (melhorado).

A Entidade Administradora da Faixa de 3,5 GHz (EAF) reportou ter feito RFPs com 52 empresas, mas com resposta apenas de oito delas. E a resposta foi que a capacidade dessas companhias não atenderia a demanda para entregar a faixa de 3,5 GHz até 30 de junho. Segundo o GAISPI, o mercado só consegue entregar 400 filtros acima de 3.800 MHz até a data. 

O fato é que os LNBs abaixo de 3,8 GHz foram considerados o grande gargalo. Para soluções filtro enhanced abaixo dessa faixa são aproximadamente 357 estações necessárias. Mas o mercado não conseguiria atender apenas no prazo o também: as empresas estimaram que só conseguiriam entregar 50 equipamentos até 30 de junho. E no dia 15 de julho, mais 100 LNBs. A necessidade plena do projeto (1.011 equipamentos) só poderia ocorrer no dia 31 de julho. "Por esses motivos, foi exposto que esse é o contexto que mais preocupa a EAF, dado que a expectativa é que a solução do LNB com filtro embutido será necessária em maior número de estações, alternativamente, à solução primária deliberada na 1ª Reunião Extraordinária do GAISPI de filtros enhanced."

Desocupação

Apenas cinco propostas, das 31 empresas procuradas, foram encaminhadas na RFP. A demanda é de 174 estações nas capitais, além de eventuais estações nas adjacências. O prazo médio para a instalação é de dois meses, mas no caso de Manaus e Belém, isso se estenderia para algo entre 90 e 135 dias por conta de "questões técnicas referentes à localização das estações". Diz o relatório que a capital amazonense teria uma "situação bastante particular haja vista a localização de estação master no centro da cidade, o que acarreta grande dificuldade ao projeto". No caso da cidade do Pará, a estação estaria mais distante do centro urbano, com possibilidade de testes em campo para atingir data mais próxima do que os 135 dias. 

A EAF já iniciou o trâmite para a aquisição dos equipamentos, mas esse prazo médio para a maioria das capitais também motivou a decisão de conceder mais 60 dias para a limpeza da faixa.

TVRO

As RFPs para o processo de migração da banda C para a Ku foram concluídas no último dia 29 de abril. Foram convidadas 34 empresas, das quais 19 apresentaram propostas. A estimativa é de que deveria ser aproximadamente 257 mil kits, com receptores (caixinha), filtros LNBF e antenas. 

O GAISPI colocou que o lockdown na China, a escassez de semicondutores, transporte aéreo para cumprimento de prazos e questões relativas ao desembaraço aduaneiro foram pontos relevantes nas dificuldades de logísticas. Ainda assim, diferente do caso da banda C estendida para equipamentos profissionais, concluiu-se que isso não seria impeditivo para o cumprimento dos prazos originais no caso das TVROs. 

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui
Captcha verification failed!
CAPTCHA user score failed. Please contact us!