Abert diz ver Internet como uma "oportunidade"

Depois de reunir, há duas semanas, temerosos proprietários de TVs e rádios em seu congresso sobre radiodifusão, a Abert resolveu amenizar publicamente seu desconforto com o avanço do acesso à Internet no Brasil. Em audiência pública no Senado Federal nesta terça-feira, 2, sobre o futuro da internet, o presidente da associação, Daniel Slaviero, defendeu que a plataforma seja vista como uma "oportunidade" pelos radiodifusores. "Nós entendemos que a Internet é uma nova plataforma. E, na essência, existem oportunidades e não só riscos para a radiodifusão. Podemos usar a Internet para atingir uma maior audiência", declarou Slaviero.
O próprio presidente da Abert admitiu que a impressão deixada pelo congresso de radiodifusão foi de que o setor está "com medo" do avanço da Internet e poderia ter passado a impressão errada de que a radiodifusão é contra as novas mídias. Slaviero concordou que tentar impedir o avanço da web "seria inócuo".
Mesmo com a mudança de tom com relação à rede de computadores, o presidente da Abert voltou a defender a necessidade de algum tipo de regulamentação dos conteúdos transmitidos pela Internet e elogiou a iniciativa do deputado Vital do Rêgo Filho (PMDB/PB) de inserir o assunto no PL 29/2007, colocando a venda de conteúdos na web sob as mesmas regras das TVs por assinatura. "Foi muito feliz e corajoso (o deputado) ter incluído a Internet no projeto", afirmou. Ele também pediu que a regulação da Internet seja mantida quando o texto for analisado nas demais comissões da Câmara dos Deputados e do Senado Federal.

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Outro foco
O encontro no Senado contou com a presença de especialistas no assunto, como o presidente do Comitê Gestor de Internet no Brasil (CGI.br), Augusto César Gadelha; o diretor-executivo do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br), Demi Getscho; e o presidente da Associação Brasileira de Provedores de Internet (Abranet), Eduardo Parajo. O destaque da audiência foi o vice-presidente do Google, Vinton Cerf, conhecido como "pai da Internet". O encontro não previa inicialmente a presença da Abert, que acabou destoando do contexto geral do debate.
A linha de discussão privilegiou as políticas de combate a crimes cibernéticos e as propostas de controle de informação na Internet foram criticadas pela maioria dos participantes. Cerf levantou dúvidas sobre a efetividade de medidas que controlem os conteúdos na web, que nasceu sob um conceito de liberdade de circulação de informações. "Eu não acho que nós podemos impedir esse tipo de conceito", afirmou. "O conteúdo da Internet não é garantido de que está certo. Muitas vezes ele está errado. Não é uma verdade absoluta; não é um documento. E nenhuma lei vai mudar isso", complementou.

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