Enquanto o governo ainda toma tempo para definir um futuro Plano Nacional de Internet das Coisas (IoT), incluindo um eventual alívio na cobrança do Fistel para as conexões máquina-a-máquina (M2M), as operadoras buscam as melhores formas possíveis para tentar executar estratégias em um ambiente ainda árido para essa tecnologia no Brasil. Em comum, as teles mostram vontade de criar ecossistema de IoT homogêneo, mas ainda procurando proteger as oportunidades de fluxo de receita, especialmente com o uso de dados no ambiente corporativo e industrial.
Segundo o diretor de M2M da América Móvil, Eduardo Polidoro, a camada na infraestrutura de rede nas operadoras do grupo já está pronta, com toda a parte de cloud, data center, servidor de aplicações e plataforma de analytics. "As operadoras buscam subir na cadeia de valor para levar ecossistema praticamente pronto para ser mais simples criar aplicação e o desenvolvedor não precisar se preocupar como e onde coloca no servidor, ou como vai escalar", explica. Na prática, o grupo conta com penetração no mercado de automóveis conectados, com 500 mil veículos da frota da GM.
A camada de serviços de dados, cloud, analytics e aplicações de IoT na infraestrutura também é onde a Oi se encontra, explica o diretor de tecnologia da empresa, Mauro Fukuda. Mas a empresa prepara em seu laboratório dedicado um modelo para ampliar o ecossistema com gerenciamento de conectividade de dispositivos, com soluções verticais e aplicações especificas. "Temos trabalhado para desenvolver uma plataforma para possibilitar serviço fim a fim e fazer com que parceiros venham desenvolver dentro desse modelo", conta.
Na Vivo, a estratégia também é a de que o serviço de valor adicionado em IoT será onde haverá a monetização, mas considerando o volume de conexões e já com definição de verticais. "Estamos trabalhando em duas frentes: smart mobility e smart management, porque as duas vão de encontro à situação de que hoje as empresas precisam otimizar custos na situação que o País está", declara o gerente sênior de soluções M2M e IoT da empresa, Eduardo Takeshi. Isso está em linha com a estratégia da empresa de focar no uso de dados e analytics.
Para o diretor de inovação de rede e desenvolvimento de negócios da TIM, Janilson Bezerra, o diferencial da Internet das Coisas para a operadora está mesmo no analytics, e não na conectividade. "É muito mais correlacionar informações e gerenciar volume absurdo de dados e, a partir daí, ter coisas concretas e ter uma tomada de decisão em tempo real", explica. A partir daí Bezerra espera poder propor a parceiros soluções que agreguem valor, com dados de sensores e "outras fontes de informação".
Tecnologias
Por outro lado, a conectividade é importante não só pelo acesso aos dados, mas para o futuro desse ecossistema. Entre os representantes das operadoras, há os que consideram que é necessário considerar as tecnologias com espectro licenciado, como NB-IoT e LTE-M, junto das soluções com espectro não licenciado, como LPWA. "A coexistência delas já existe, essas empresas (como SigFox) estão captando muito dinheiro, estão globais e vão ter sua presença, mas tem caso de uso para as duas tecnologias. Para fazer teste, temos que ir atrás de pessoal de módulos, e é neste ponto em que estamos", declara Takeshi, da Vivo. Mauro Fukuda, da Oi, defende que o uso do LTE-M e NB-IoT permite "não depender de redes de terceiros", mas que, "obviamente em alguns casos", será necessário usar LPWA.
Por outro lado, há os que defendem um ecossistema mais controlado. "Queremos usar LTE-ME e NB-IoT porque vamos ter verticais que precisaremos usar todo o alcance de serviços LTE como voz e dados, e casos que só os dados serão necessários", explica Eduardo Polidoro, da América Móvil, que alega "não ver muitas aplicações" para soluções LPWA. "Minha experiência de trabalhar com redes não licenciadas é bem ruim por questão de interferência, de escalar e ser padronizada", argumenta. A TIM também acredita no espectro licenciado, usando o 4G como base para "uma grande alavanca de IoT", com fatores como escala e monetização pesando a favor, especialmente com uma eventual melhora na dinâmica do 3GPP na padronização. "Parte da segurança, da escalabilidade necessária, harmonização internacional, e a gente entende que essas tecnologias vão trazer o patamar de preço que trarão competitividade, com escala global e robustez necessárias – robustez que as operadoras têm, e a proteção que espectros licenciados traz", defende.
Os representantes de operadoras estiveram reunidos em painel no LTE-5G Latin America, que aconteceu na semana passada no Rio de Janeiro.
* O jornalista viajou a convite da Logicalis.
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