Telecom Italia aprova plano industrial para cindir serviços e infraestrutura

Foto: Pixabay

O conselho de administração da Telecom Italia aprovou nesta segunda-feira, 2, o novo plano industrial da empresa para o período entre 2022 e 2024. Como esperado, a estratégia envolve a segregação entre a infraestrutura fixa e o restante da companhia.

Pelos termos, está prevista a criação de duas entidades distintas, por enquanto chamadas de ServCo e NetCo. Na primeira, serão reunidos ativos de redes móveis do grupo, plataformas de serviços e data centers. Esses pilares da ServCo serão divididos em três áreas: clientes empresariais, clientes de varejo e TIM Brasil – que é controlada do grupo europeu.

Mesmo com a mudança organizacional, não foram sinalizadas grandes alterações na estratégia da operação brasileira. "A empresa continua focada em uma estratégia de valor e desfrutará de um impulso adicional de crescimento com a integração dos ativos da Oi, continuando seu caminho em direção a uma Next Gen Telco [tele de próxima geração]", afirmou a Telecom Italia.

Notícias relacionadas

Infra

Já a NetCo vai consolidar os ativos de rede fixa da multinacional, o negócio de atacado no país sede e a operação da subsidiária internacional Sparkle. "O novo plano visa criar uma nova empresa com bases industriais e tecnológicas sólidas, capaz de avançar mais rapidamente para uma geração de fluxo de caixa sustentável, também graças à superação do atual modelo de integração vertical", afirmou a Telecom Italia.

Para a empresa, a nova configuração aumentará a visibilidade do desempenho operacional e financeiro de cada braço, ampliando assim o "leque de opções estratégicas" – como a possibilidade de atrair novos parceiros e investidores financeiros. A tele ainda estimou baixo impacto dos custos para alcançar a separação total, visto que parte dos investimentos necessários já foi implementada.

Detalhes da execução serão apresentados antes dos resultados de meio de ano da companhia. Na vertente organizacional, o novo modelo será acompanhado por um plano trienal de gestão de pessoas que incentivará os despedimentos voluntários e a aposentadoria antecipada para cargos considerados redundantes.

Proposta

Em paralelo, com a finalização do plano industrial da empresa, os assessores financeiros e jurídicos do conselho de administração passaram a contar com todos os elementos necessários para concluir a avaliação da proposta não vinculativa feita pelo fundo KKR. Uma vez finalizada a análise, o conselho deve decidir quais os próximos passos.

Liderado pelo ex-CEO da operação da tele no Brasil, Pietro Labriola, o novo plano industrial foi apresentado como alternativa estratégica à abordagem da firma de private equity norte-americana, que propôs fechar o capital da Telecom Italia ainda no ano passado.

"Estou convencido de que a evolução que planejamos para o grupo é uma ruptura positiva com o passado. Estamos desempenhando um papel de liderança no setor de telecomunicações e esperamos que outros sigam nosso exemplo", afirmou Labriola, em comunicado.

Cifras

Com o novo desenho, a empresa espera acelerar a implementação de fibra óptica até a residência (FTTH) na Itália em 2022, quando o investimento total do grupo deve atingir pico de 4 bilhões de euros. Nos dois anos seguintes, o montante deve recuar para 3,9 bilhões e 3,8 bilhões, segundo o plano.

A empresa também prevê benefícios para a NetCo por conta da a regulação mais leve aplicada pela Europa sobre players "puros" de atacado. A intenção é que as atividades de varejo da ServCo também sejam favorecidas por este cenário.

Ainda assim, a perspectiva de receitas da Telecom Italia é de queda de dígito único em 2022, mas com alta de dígito único ao longo de todo o período de implementação da nova estratégia. Já o Ebtida deve se manter estável até 2024, ao passo que o endividamento será impactado por 3,7 bilhões não recorrentes relacionados às aquisições de espectro no Brasil e Itália e à compra dos ativos da Oi.

Em 2021, as receitas da Telecom Italia caíram 1,9% em termos orgânicos, para 15,3 bilhões de euros. O Ebitda recuou em ritmo mais acelerado: menos 9,6%, para 6,2 bilhões de euros. Já a dívida caiu em um bilhão de euros (para 17,6 bilhões), apesar de alta de 14,1% nos investimentos mobilizados pelo grupo.

Na soma das cifras, o resultado líquido da companhia ao longo do ano passado apontou prejuízo atribuído aos controladores de 8,6 bilhões de euros – revertendo assim lucro de 7,3 bilhões apurado em 2020.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui
Captcha verification failed!
CAPTCHA user score failed. Please contact us!