A Qualcomm foi uma das empresas mais ativas na defesa da liberação da faixa de 6 GHz para uso não licenciado em sua totalidade, ou seja, com toda a banda de 1,2 GHz possível. E a empresa acha improvável que a Anatel acabe revendo esta decisão. "Nunca vi, em vários anos trabalhando na Anatel ou junto à agência, um regulamento importante ser revisto em dois anos", diz Francisco Giacomini Soares, vice-presidente de assuntos regulatórios e institucionais da Qualcomm.
Segundo ele, é um equívoco achar que não existem equipamentos homologados já projetados para uso completo da banda para WiFi 6E. "Já existem handsets e em breve veremos os roteadores. Mas de fato o ritmo parece mais lento do que deveria. Só não podemos esquecer que no meio do caminho houve uma pandemia e a maior crise global de suprimento de chips já vista, que afetou vários setores que dependem de equipamentos eletrônicos", diz ele.
Segundo o executivo, mesmo nos EUA ainda é raro ver nas lojas os roteadores WiFi 6E, mas a tendência é que eles comecem a aparecer no varejo com maior frequência à medida que o 5G avançar. "São duas pontas do mesmo processo: os consumidores de 5G chegarão em casa e vão querer a mesma experiência com o WiFi, e para isso precisa do 6E".
Para Giacomini, a Anatel está apenas recebendo a pressão de atores que ainda acreditam em uma revisão regulatória, mas ressalta que a segurança jurídica dos regulamentos precisa ser também considerada. "Muita gente baseou suas decisões no modelo brasileiro. Já há outros sete países da América Latina que seguiram o nosso exemplo e o Brasil é uma referência na região".
Para ele, esse aparente desconforto da Anatel melhorará assim que os novos terminais e roteadores com WiFi 6E começarem a ser homologados, mas esse processo é irreversível. "Não tem como o WiFi 6E não ser uma realidade".
