Ex-Portugal Telecom Inovação, Open Labs se reposiciona em busca de diversificação

Após o desmembramento da Portugal Telecom, a subsidiária PT Inovação acabou ficando sob o guarda-chuva da francesa Altice, mas ainda atuando com estreitos laços com a Vivo e a Oi no Brasil, herdadas da participação da portuguesa nas respectivas composições acionárias. Agora, a fornecedora de telecomunicações passa a adotar uma nova estratégia, e começa a operar com o nome Open Labs de olho não só nas demais operadoras, mas também os provedores regionais no mercado brasileiro, com apostas em tecnologia de acesso e serviços.

A tarefa não será fácil, entende o CEO da Open Labs, Paulo Firmeza. Apesar de já haver algum reconhecimento no mercado brasileiro pelo trabalho com a Vivo e a Oi, a concorrência é forte. O executivo contou a este noticiário que as empresas entendem que a diversificação da cartela de clientes pode significar uma estrutura mais sustentável a longo prazo. "Temos produtos bastante heterogêneos, mas somos uma empresa muito menor do que os concorrentes. Hoje tenho produtos que concorrem diretamente com Nokia, Ericsson e Huawei", afirma. Ele reconhece que, por isso, acaba tendo que lidar com um risco maior se perder contrato, mas a ideia é justamente diversificar a cartela e ganhar mais segurança.

Tanto a Vivo quanto a Oi continuam sendo os maiores clientes da Open Labs, e Firmeza diz que tem conseguido crescer com ambos mesmo com as empresas em diferentes situações de investimentos. "No resto do mercado, temos feito esforço constante há quatro meses, ainda em uma lógica de ir aos clientes. Alguns nos conhecem, afinal estamos no Brasil desde 2001, mas éramos uma empresa estrategicamente desconhecida, [a Portugal Telecom] não fazia muito barulho conosco", declara. Antes da troca de nome, a fornecedora sequer possuía um site. A intenção agora é mostrar maior abertura e exibir o portfólio de produtos para as outras teles.

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Uma das empresas com quem a Open Labs tem conversado estuda a expansão da infraestrutura de acesso. Paulo Firmeza explica que a companhia fornece tanto soluções para fibra na última milha (FTTH) quanto a que aproveita o acesso legado, como o cabo ou cobre. A fornecedora tem como um dos carros-chefes solução GPON e na tecnologia de velocidade gigabit por DSL, o G.fast. Ele explica que esta última também consegue funcionar em cima de coaxial, o que permite à operadora abandonar o DOCSIS, por exemplo. "Assim o coaxial passa a servir com o IP puro, e aí pode oferecer IPTV, o que traz economias muito grandes na infraestrutura", destaca.

Outros alvos são os provedores regionais. De acordo com o executivo, há flexibilidade no portfólio para oferecer os produtos para operações menores. "Aqui temos uma aposta grande com essa linha de produtos para pequenos operadores regionais, com características técnicas importantes, até porque nós temos serviços além da infraestrutura, com prestação de serviços."

Conformidade

A Open Labs conta com uma fábrica em Atibaia (SP) para as soluções de infraestrutura de rede, mas também investe em soluções para sistemas, como funções de controle de serviços, plataforma de marketing com alimentação de dados para analytics e machine learning, incluindo foco em máquina-a-máquina (M2M) e Internet das Coisas (IoT). Em OSS, conta com inventário de rede, gestão, troubleshooting e de alarmes. Outro "vetor" é o de produtos para conteúdo, como TV, Internet, aplicativos e "toda a parte de inteligência artificial" para over-the-top.

Nesse ambiente, Firmeza diz que a fornecedora aproveita a experiência das operações com a Altice em Portugal, onde há a conformidade com a lei geral de proteção de dados europeia (GDPR). A chegada da lei geral de dados pessoais (LGPD) brasileira, ele espera, será a continuidade desse processo. "Ainda não é fato aqui, mas acho que a legislação será um pouco baseada no que foi a europeia; e se for, é positivo, porque nossas áreas mais sensíveis e que envolvem real time marketing precisaram passar por adaptações para compliance, sendo profundamente reformulado para tornar tudo compatível com a lei de privacidade", explica. "O fato de já ter passado por isso antes nos permite ter os temas endereçados nos produtos comerciais, e no dia em que a lei valer, já estaremos prontos."

Futuro

A Open Labs levou dois anos reestruturando a composição acionária, e o novo posicionamento do mercado foi iniciado com um soft launch no ano passado. Mas o lema é avançar com mais força. "Esperamos, naturalmente, cada vez mais ter uma carteira diversificada e com vários players. Temos crescido, o que é muito positivo e nos leva a crer que estamos no caminho certo", diz o executivo.

Para o futuro, há uma expectativa de que o fim das eleições possa trazer um horizonte positivo pela perspectiva de mudanças com o novo governo, uma vez que "mexerá nas regras estabelecidas", obrigando o mercado a se adequar. "Acreditamos que agora possa ter um momento novo, mais confiante, que permita novos investimentos", analisa. Esse momento novo inclui a possibilidade de mudanças legislativas, como a aprovação do PLC 79. "Isso sempre se traduz em oportunidades para quem atua em tecnologia", conclui.

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