Setor brasileiro de satélites deve investir mais em soluções

presidente da Agência Espacial Brasileira (AEB), Marco Antonio Chamon. Foto: Rudy Trindade/Themapress

Embora o programa espacial brasileiro esteja "consolidado e bem-sucedido", o setor de serviços e aplicações ainda não cresceu como esperado. Essa foi a análise do presidente da Agência Espacial Brasileira (AEB), Marco Antonio Chamon. Nesta terça-feira, 1º, durante o Congresso Latinoamericano de Satélites, ele afirmou que o Brasil precisa focar mais no desenvolvimento de soluções e aplicações no setor espacial. 

"Esperávamos que o setor de aplicações se organizasse naturalmente após a infraestrutura espacial, mas isso aconteceu muito pouco, bem menos do que eu gostaria", disse o presidente da AEB.

Em 2023, um relatório da organização americana Space Foundation estimou a economia espacial global espacial em U$ 570 bilhões. Destes, mais de U$ 300 bilhões foram provenientes de serviços comerciais – como lançamentos de satélites, serviços de GPS e transmissões de TV, por exemplo. Segundo Chamon, é necessária a criação de uma espécie de ecossistema integrado para fortalecer o setor de aplicações;

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Fomento

"O setor privado tem que se envolver, mas no curto prazo deveríamos pensar em formas de apoiar as iniciativas que já estão acontecendo", afirmou Chamon. Como exemplo, ele mencionou o apoio do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT), que no ano passado destinou R$ 600 milhões ao setor espacial, focado em satélites e lançadores de pequeno porte.

Para Chamon, o Brasil também deve investir em constelações de pequenos satélites e no desenvolvimento de lançadores – área em que o País ainda não tem grande presença.

"Devemos olhar para as aplicações. É preciso criar um ecossistema onde tudo esteja integrado. A questão é: em que nicho nós nos colocaríamos para aproveitar? Obviamente, o setor privado tem que se envolver. Pelo menos no curto prazo, deveríamos pensar em formas de apoiar iniciativas que já estão acontecendo.

Setor brasileiro

O Brasil tem exemplos de empresas no setor espacial que, além de produzir satélites de pequeno porte, também desenvolve soluções. Presente no evento, a integradora Visiona lançou em abril do ano passado o VCUB1 – primeiro nanossatélite 100% brasileiro, utilizado para observação da Terra e coleta de dados desenvolvido pela indústria nacional.

Para o futuro, a companhia pretende lançar o SatVHR – um modelo de 250 Kg e cerca de 2 metros de comprimento. "Será o primeiro satélite de altíssima resolução projetado no Brasil. Ele está sendo feito para superar os requisitos da Força Aérea", contou o diretor geral da Visiona, João Paulo Campos.

Já o fundador da Spotsat, José Renato Alberto, disse acreditar que novas empresas de soluções espaciais devem surgir no Brasil a partir da iniciativa privada. Para ele, o aumento da concorrência espacial no Brasil é benéfica e pode gerar redução de custos junto aos fornecedores de equipamentos. "Alcântara deve ser foco central. Nós temos tudo nesse País", afirmou o executivo.

A brasileira Spotsat trabalha no desenvolvimento de tecnologias por meio do uso de dados e imagens de satélites. No País, a empresa passou a focar principalmente no mercado do agronegócio – que respondeu por 27,4% do produto interno bruto (PIB) brasileiro no primeiro trimestre de 2024. A empresa tem planos para lançar o seu primeiro Cubesat de observação da Terra.

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