Durante o primeiro dia do Congresso Latinoamericano de Satélites, iniciado nesta terça-feira, 1º, no Rio de Janeiro, o papel essencial e crescente dos satélites no combate de emergências climáticas e ao crime organizado – especialmente o garimpo ilegal – foi destacado pelas Forças Armadas.
O cenário foi descrito pelo chefe de operações conjuntas do Ministério da Defesa, tenente-brigadeiro do ar Walcyr Josué de Castilho Araujo. Segundo ele, a tecnologia satelital tem sido fortemente utilizada em complexas operações que exigem a atuação de mais de uma força (Exército, Marinha ou Aeronáutica).
No momento, quatro operações do gênero estão sendo coordenadas pela Defesa. Uma delas é a Catrimani II, demandada desde janeiro de 2023 para apoio de comunidades indígenas e combate ao garimpo ilegal. Segundo o tenente-brigadeiro, sem apoio dos satélites, parte relevante da operação do governo federal não iria prosperar.
No caso, tem sido utilizada a tecnologia na detecção de atividades ilegais de garimpo, no monitoramento de áreas de interesse, na geolocalização durante ações táticas e para a própria comunicação segura das Forças.
"O grande objetivo é combater o garimpo ilegal e contribuir para estruturas governamentais permanentes de apoio aos indígenas. É uma complexidade enorme e sabemos que não vamos conseguir expulsar todos [os garimpeiros], mas o objetivo é tornar o negócio inviável e tão caro que eles se sintam desmotivados a fazer", afirmou Araujo.
No âmbito da operação foram apreendidas e inutilizadas 140 embarcações dos contraventores e 20 aeronaves, além de 45 pistas que foram interditadas. Também foram neutralizadas 99 antenas de comunicação utilizadas pelos próprios garimpeiros. Ao todo, a Catrimani II causou prejuízo estimado de R$ 215 milhões para o garimpo ilegal.
Emergência climática
Outra frente onde os satélites são cada vez mais importantes é na resposta a eventos climáticos extremos, como as enchentes que acometeram o Rio Grande do Sul entre abril e maio. A operação conjunta Taquari II foi mobilizada após a ocorrência.
Neste caso, os satélites colaboraram na previsão meteorológica, no monitoramento hidrológico, na utilização de link satelital para controle de Veículo Aéreo Não Tripulado (VANT) e para geolocalização das forças de resgate. A operação segue ativa, após ter auxiliado o resgate de 70 mil pessoas e 10 mil animais.
Já em junho teve início a operação conjunta Pantanal II, focada no combate às queimadas nos estados do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Aqui, os satélites colaboraram no monitoramento dos focos de incêndio, meteorológico, no rastreamento de brigadistas e também na geolocalização nas ações táticas. A operação segue em curso, com mais de 1,2 milhão de litros de água despejados para apagar o fogo.
Já a operação Tucumã também mira o combate a incêndios, mas desta vez na região da Amazônia. De forma distinta ao Pantanal, aqui os focos de queimadas são mais espalhados, exigindo também o uso intenso de satélites – seja no monitoramento meteorológico, dos focos de incêndio, no rastreio dos brigadistas e também para apoio das populações em áreas de estiagem, que se encontram muitas vezes isoladas por conta das secas.
Evolução
Mesmo com as iniciativas, a avaliação do tenente-brigadeiro é que o Brasil ainda precisa evoluir no uso de informações que podem ser obtidas via satélite, como forma de explorar os recursos tecnológicos de maneira ainda mais assertiva.
"Talvez a gente esteja em um momento de dar um salto importante para ter resultados ainda melhores", afirmou Araujo. Um dos aspectos defendidos pelo representante das Forças Armadas foi uma aprovação pelo Congresso da criação da Empresa de Projetos Aeroespaciais do Brasil (Alada), destinada a promover investimentos no setor espacial e capaz de ampliar as capacidades do Brasil na área.
O Congresso Latinoamericano de Satélites é realizado pela Glasberg Comunicações em parceria com a TELETIME.