Aprender Conectado: satélites devem começar por 3,2 mil escolas

Flávio Ferreira dos Santos, presidente da EACE. Foto: Rudy Trindade/Themapress

Cerca de 3,2 mil escolas das fases 2 e 3 do projeto Aprender Conectado devem ser atendidas com Internet via satélite. A estimativa foi divulgada pelo presidente da EACE, Flávio Ferreira dos Santos, nesta terça-feira, 1º – durante o Congresso Latinoamericano de Satélites, realizado no Rio de Janeiro.

Ao todo, fazem parte dessas duas fases 5,1 mil escolas do Norte e Nordeste do País. As cerca de 3,2 mil previstas para serem conectadas por meio de satélites estão localizadas em áreas remotas ou de difícil acesso. 

Em agosto, a Anatel aprovou de forma cautelar a possibilidade de que as escolas que utilizassem soluções de Internet via satélite por meio do Gesac, com a contratação direta da Telebras para esse serviço.

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Agora, esse contrato está sendo avaliado pelos times jurídicos do Aprender Conectado (nome fantasia da EACE) e da estatal, antes de ser formalmente celebrado. Faltariam apenas trâmites burocráticos. 

"Nesta semana deve haver um retorno positivo, com a assinatura prevista para os próximos dias", afirmou Santos ao TELETIME. "Após quatro meses, o Conselho Diretor da Anatel vai avaliar os resultados dessa conectividade, para verificar se ela está atendendo aos objetivos das escolas. A partir daí, será decidido se autorizam a contratação da Telebras para as próximas fases", explicou.

A Telebras, inclusive, vem se posicionando cada vez mais como uma integradora para conseguir atender todo o universo de escolas. Atualmente, a empresa está estabelecendo parcerias com ao menos três operadores satelitais privados em busca de capacidade adicional: SES, Hughes e Hispamar. Os acordos são para compartilhamento de banda e oferta de serviço na ponta.

Quarta fase

A previsão de escolas a serem conectadas pelo quarto estágio do programa Aprender Conectado é ainda maior: cerca de 20 mil.

Metade desse total será conectado com Internet via satélite, estimou o presidente da EACE.  "A questão com a Telebras, referente às fases 2 e 3, envolve um trâmite jurídico. Para a fase 4, poderá ser algo semelhante", disse Santos, mas ele lembra que a Anatel deverá reavaliar a adequação do uso de satélite na conexão a escolas antes da contratação da fase 4.. 

Vale lembrar que no âmbito do contrato entre governo e Telebras para o programa Gesac há previsão de 28 mil pontos de conexão. Hoje 11,5 mil destes pontos estão ativos, havendo então espaço para expandir o atendimento em escolas no âmbito do programa.

Players privados

De acordo com o diretor geral da Viasat Brasil, Leandro Gaunszer, o setor de satélites (como um todo) tem capacidade para atender à crescente demanda das escolas brasileiras por conectividade.

A companhia, inclusive, prepara o lançamento do ViaSat-3 F2 – previsto para ser lançado no primeiro semestre do ano civil de 2025, e que agora atenderá as Américas em vez da Ásia. A promessa é de um modelo com maior capacidade, da mesma família do Viasat 3 F1, que apresentou uma anomalia e acabou não sendo utilizado no Brasil. O Viasat 3 F2 tem alta capacidade, uma característica importante principalmente para atendimento do Norte do País (com foco na região amazônica).

"Um dos pontos críticos aqui é a gestão correta do recurso público, no sentido de que, conforme a demanda das escolas aumentar, a indústria também tenha a capacidade de entregar essa demanda para as escolas", falou Gaunszer, no evento realizado pela Glasberg Comunicações em parceria com a TELETIME.

Para Sérgio Chavez, diretor de Hispasat para a América Latina, o setor privado não apenas tem capacidade de atender aos projetos de conexão em escolas (a Hispasat é hoje parceira da Telebrás no GESAC), como podem oferecer desde soluções de energização solar, redes internas de WiFi e softwares e aplicações de educação conectada. "Não é apenas a conectividade, é uma solução completa", disse.

Flávio Santos mostrou preocupação com a continuidade dos serviços de conexão depois que o dinheiro da EACE terminar, mas disse acreditar em soluções a partir de políticas públicas balizadas pela Estratégia Nacional de Educação Conectada. Ele defendeu a ideia de que a EACE busque soluções completas, mas compreende a decisão da ENEC de compartimentalizar as contratações em camadas (energia, rede externa, rede interna, equipamentos e conteúdos).

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