Modelo de negócios para satélites de baixa órbita traz desafios, avaliam operadoras

Painel sobre modelos de negócio para órbitas LEO, MEO e GEO

O modelo de negócios das companhias de satélites tem impacto direto nas escolhas operacionais da posição orbital, conforme ficou evidenciado durante o Congresso Latinoamericano de Satélites 2020, nesta quinta-feira, 1º. Operadoras focadas no corporativo, como a Telesat investem na órbita baixa (LEO), que exige grande quantidade de satélites. Na conectividade para usuário final, a norte-americana SpaceX lançou mais uma leva de nanossatélites para a própria constelação no mesmo horário do evento online. Mas nem toda empresa acredita nessa opção.

Atualmente a SES já não planeja continuar com a estratégia LEO, passando a focar em um híbrido de constelações média (MEO) e geoestacionária. A companhia detém 54 satélites GEO widebeam, além de três de alto throughput (HTS). Já em MEO, são 20 satélites HTS. A próxima geração desses artefatos de órbita média está sendo construída pela Boeing, com primeiro lançamento em 2021, pela SpaceX, e com previsão de início da operação comercial no segundo semestre de 2022. 

"Acreditamos em GEO por causa do alcance e as oportunidades. Não dizemos que a LEO não tenha lugar no mercado, mas não é algo que perseguimos", afirma o EVP do programa mPower da SES, Stewart Sanders. Na visão dele, ter competição com empresas como a SpaceX em LEO é saudável para o mercado, mas, embora haja alguma sobreposição, há "muitos mercados diferentes".

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A integração das redes GEO e MEO da companhia, contudo, ainda é um desafio. A SES justifica que há maior resiliência, servindo como backup no caso de um dos sistemas não estar disponível, migrando para o outro automaticamente. "Os terminais precisam ser ágeis, ou ter múltiplos terminais. E a rede precisa ser inteligente para se mover junto, então é isso que planejamos fazer. É um conceito em desenvolvimento e, no futuro, vai se tornar natural."

Sanders justifica que há complexidade na operação de órbita baixa, com altos investimentos. Além disso, a operadora não tem interesse na banda larga residencial. "Fizemos o trabalho de casa, não somos iniciantes nesse negócio. Trabalhamos forte e poderíamos financiar uma constelação LEO, mas não é a melhor forma de servir o mercado.", declara.

A visão de que a LEO é uma operação complexa também vai de encontro ao que o diretor geral da StarOne/Embratel, Lincoln Oliveira, expôs em sua participação. Ele disse que a companhia é tradicionalmente focada em órbita geoestacionária, mas que está acompanhando o mercado e as tendências.

GEO menores

Já para o CEO da operadora de link satelitais ABS, Jim Frownfelter, há uma alternativa: utilizar satélites GEO de tamanho reduzido, com menos transponders. Segundo o executivo, a companhia passou a considerar essa possibilidade em 2019, quando fez uma requisição de informações (RFI) para fornecedores. Apesar de apenas dois projetos se mostrarem de acordo com os modelos comerciais da empresa, ele afirma ter conseguido chegar a um produto economicamente viável para a companhia.

"O problema é que agora o mercado está passando por dificuldades, e estamos observando esse modelo para colocar GEOs pequenos. É muito difícil ter retorno, então precisa ser criativo nos métodos de financiamento e outras soluções", destacou Frownfelter.

Ainda assim, a operadora não tem interesse algum em sistemas LEO ou mesmo no MEU. "Continuamos a trabalhar nisso e com fabricantes, mas estamos otimistas para o futuro de pequenos GEO e pretendemos continuar no futuro para a ABS."

O Congresso Latinoamericano de Satélites 2020 segue nesta sexta-feira, 2, e continua na semana que vem, até o dia 6. O evento é organizado pela Glasberg Comunicações e promovido pelo TELETIME

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