Brasil deve indicar estudos sobre faixa de 6 GHz para o IMT até 2023

Mais uma disputa por espectro começa a aparecer no horizonte: a faixa de 6 GHz. E mais uma vez os serviços por satélite devem ficar em oposição às operadoras móveis. Mas desta vez há outros interesses em jogo: emissoras de TV, empresas de internet e fabricantes de equipamentos interessados no desenvolvimento do mercado de WiFi também tendem a ficar contra as empresas de telecomunicações. Um dos capítulos desta disputa, que deverá ganhar corpo até 2023, acontece na reunião do conselho da Anatel desta semana. Está prevista a votação, pelo conselho, entre os itens administrativos em pauta, de uma proposta brasileira a ser levada na Conferência Mundial de Radiocomunicação de 2019 (CMR 2019), a ser realizada no mês de novembro, em Sharm el-Sheikh, no Egito, para que até 2023 se estude a identificação de possíveis frequências nas faixas de 5925-6425 MHz e 6425-7125 MHz para o IMT (banda larga móvel). Não quer dizer que estas faixas serão usadas pelo IMT, mas algumas poderão ser estudadas para este fim até a conferência de 2023, e a depender dos resultados pode haver a indicação de destinação.

Esta é uma faixa que no Brasil está destinada aos serviços por satélite, tanto serviços fixos (FSS) quanto serviços de radiodifusão (BSS). É justamente nestas frequência que acontece o uplink dos serviços de satélite em banda C, que hoje já enfrenta a interferência na faixa de 3,5 GHz (usada pelo downlink dos serviços de satélite). Há no Brasil nada menos de 31 satélites em serviço nesta faixa, segundo dados da Anatel. A proposta do Brasil, apesar de ser apenas um indicativo de identificação de faixas para estudos, desperta a preocupação dos segmentos de satélite, emissoras de TV, empresas de Internet e fabricantes de equipamentos de WiFi porque significa "destrancar a porta" para que, no futuro, o IMT avance nestas faixas.

Um aspecto importante desta disputa é que, a depender de como forem identificadas faixas para o IMT, haverá mais ou menos espaço disponível para o WiFi 6, futura geração de equipamentos WiFi considerada essencial para o off-load do tráfego 5G e aplicações de IoT indoor. Daí o interesse das empresas fabricantes de equipamentos WiFi na discussão sobre a faixa de 6 GHz.

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A proposta brasileira ainda apoia a proposta Interamericana (IAP) aprovada na última conferência da Citel. Esta proposta expressou a necessidade de estudar o espetro na faixa de 3,3 GHz a 15,3 GHz para o IMT, com a ressalva de que nem todas as frequências estariam disponíveis sequer para ser estudadas. Indo até a faixa de 15,3 GHz, por exemplo, há uma enorme quantidade de espectro destinada para a banda Ku, o que também pode indicar um futuro foco de atrito com o setor de satélite.

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