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GVT e Echostar (Dish) formalizam negociações para explorar TV paga no Brasil

A Echostar, empresa pertencente ao mesmo grupo econômico da operadora de DTH norte-americana Dish, e a brasileira GVT, anunciaram nesta terça, dia 1º, que entraram em negociação para a formação de uma joint-venture destinada à operação de TV por assinatura no Brasil. O anúncio acaba de ser formalizado pela Echostar e pela Vivendi, controladora francesa da GVT.

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Com isso, fica mais claro o futuro da estratégia do grupo Echostar no Brasil. Possivelmente, a marca Dish, hoje a terceira maior operadora de TV por assinatura dos EUA com 14 milhões de assinantes, não será usada por aqui. Se o acordo se confirmar, deve prevalecer a marca GVT TV, já consolidada localmente, com pouco menos de 600 mil assinantes. Segundo o comunicado conjunto, "a joint-venture seria baseada no Brasil, gerenciada pela GVT, e se beneficiaria da forte posição de mercado e moderna rede IP da GVT combinada com a expertise em satélites e tecnologias de vídeo da Echostar, e suas licenças brasileiras". A joint-venture passa ainda pela necessidade de aprovações regulatórias (Anatel e, possivelmente, Cade) e de um acerto final entre as partes.

Se confirmada a parceria, a presença do grupo do bilionário Charles Ergen será agressiva no Brasil. Primeiro, porque a capacidade satelital da nova GVT TV será baseada na capacidade da Hughes Networks Systems (também pertencente a Ergen), que conforme já noticiou este boletim, já tem um satélite posicionado para o Brasil em 45oW (o Echostar XV), com 32 transponders que cobrem bem o Brasil (com alguma deficiência na região Sul). Segundo apurou este noticiário, a Hughes já sinalizou ao governo que planeja ter, no futuro, um satélite com capacidade ainda maior apenas para banda Ku, voltado exclusivamente para TV, outro em banda Ka, para banda larga, e um em banda S, utilizada para transmissões de rádio via satélite.

A Hughes conquistou o direito de exploração destas frequências nessa posição orbital em 2011, em um lance de US$ 90 milhões que sinalizou ao mercado a agressividade do grupo para o Brasil.

Outro indicador da agressividade com que Ergen pretende trazer seu grupo Echostar ao Brasil é a sinalização, também já feita à Anatel, de que a empresa quer ter uma fábrica de set-tops no Brasil. Além de fabricar localmente os decoders que deverão ser usados pela GVT TV, a Echostar pretende ainda produzir o SlingBox, uma caixa conectada que permite ao usuário assistir, privativamente, todo o seu conteúdo de TV paga via Internet, em qualquer lugar do mundo.

A GVT TV, quando iniciou comercialmente suas operações no Brasil, em 2012, adotou uma postura extremamente agressiva, mas reduziu o ritmo quando a Vivendi passou a enfrentar dificuldades econômicas, limitando a expansão dos serviços.

Além disso, a estratégia da GVT ficou ameaçada pela limitação de capacidade satelital, já que o novo satélite que seria usado pela GVT acabou não sendo lançado com sucesso.

No ano passado, a DirecTV, controladora da Sky no Brasil, fez uma oferta bilionária de compra da GVT no final do ano passado,  que acabou não se concretizando.

Fôlego

Com a parceria com a Echostar, a GVT TV deve ganhar fôlego em diferentes frentes. Primeiro, ganha um sócio investidor com apetite e recursos. Depois, ganha grande capacidade satelital sem ter que investir para isso, e o satélite é o principal custo direto de uma operação de DTH, sobretudo com a atual taxa de câmbio. Ganha também um fornecedor de decoders, possivelmente com fabricação local. E ganha a escala da Dish nos EUA para a negociação de programação. Sem falar na estratégia agressiva de caixas avançadas, como a plataforma Hopper, que permite ao assinante pular comerciais, ou o próprio SlingBox, tecnologias amplamente oferecidas como benefícios aos assinantes da Dish nos EUA.

O grupo Echostar é ainda controlador da antiga rede de homevideo Blockbuster, que herdou um acervo de dezenas de milhares de títulos que podem ser utilizados para vídeo sob-demanda, como acontece com a Dish nos EUA.

Já a GVT entra com o bundle de banda larga fixa e voz, com a rede de distribuidores e instaladores já consolidada, com o centro de operações e uplink center locais e com a marca consolidada. No futuro, uma estratégica com banda Ka da Echostar pode complementar a cobertura banda larga da GVT onde não tem rede fixa, e a distribuição de rádio via satélite em banda S pode ser uma nova fronteira para o entretenimento, já que é uma opção inexistente no Brasil.

Joint-venture

Ainda não estão fechados os termos da joint-venture entre GVT e Echostar. Possivelmente será constituída uma nova empresa para operar o serviço de TV paga, gerida pela GVT. Uma possibilidade é que a empresa seja a Echostar 45, que já havia pedido a outorga de SeAC à Anatel e é hoje a detentora do uso da posição orbital e das frequências de banda Ku, Ka e banda S.

A data precisa de início de operações conjuntas também é desconhecida, mas a parceria com a GVT permite acelerar muito o processo, já que a maior parte dos contratos de programação está fechada e a estrutura técnica e de distribuidores está montada. Recentemente, executivos da Hughes declararam que a ideia é ter uma operação presente no país até meados de 2014, a tempo da Copa do Mundo. O comunicado também fala em aproveitar a demanda por serviços de TV paga decorrentes da Copa e dos Jogos Olímpicos.

Em agosto, a GVT TV mudou sua estratégia e passou a ofertar o DTH também para clientes sem o acesso banda larga da empresa, o que já foi um indício de uma possível associação com a Echostar, como antecipou este noticiário. E, de fato, com essa estratégia, será possível à GVT operar com duas plataformas, sendo uma baseada no satélite Intelsat atual e outra já baseada no satélite da Hughes, convivendo com esses dois ambientes até que todos os clientes possam ser migrados.

Um novo grupo?

A presença de um grupo econômico com o fôlego da Echostar no Brasil não pode ser ignorado, ainda mais considerando-se a situação econômica de algumas empresas. Além da própria GVT, que há tempos precisava encontrar uma solução para suas necessidades de investimento, outra empresa que poderia entrar no alvo de Charles Ergen é a TIM. No primeiro semestre a Dish fez uma oferta agressiva de US$ 25 bilhões pela operadora de celular norte-americana Sprint, mas a oferta acabou derrotada pelas condições colocadas pela japonesa SoftBank.

É ainda uma mera especulação, mas uma associação entre o grupo de Charles Ergen, a GVT e a TIM poderia fazer muito mais sentido agora.

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