As grandes expectativas em torno das constelações de baixa órbita (LEO) não abalam a aposta da Claro no modelo de satélites geoestacionários. Para a operadora, o GEO seguirá competitivo mesmo diante da competição de entrantes.
Durante o Congresso Latinoamericano de Satélites (organizado por TELETIME e Glasberg Comunicações), o consultor de telecom da Claro, Carlos Alberto Camardella, destacou avanços na oferta por meio do modelo tradicional e pontuou que o modelo de negócios em LEO ainda tem que se provar.
Segundo ele, a Claro olha a opção com "muito cuidado", não descartando parcerias, mas sem planos de lançar artefatos do gênero a partir da Star One. No papel de concorrente e potencial cliente, a empresa prevê maior complexidade para ajustar a capacidade LEO ao serviço de backhaul móvel, visto o deslocamento constante dos satélites de baixa órbita.
O risco de interrupção do serviço poderia ser mitigado por links entre os próprios satélites da frota. No entanto, a viabilidade econômica das operações em LEO também seria uma incógnita, segundo Camardella. Um exemplo do risco seriam os custos de terminais com os quais a SpaceX está lidando em seu ingresso no mercado residencial nos EUA.
Ainda de acordo com a Claro, com exceção de aplicações em tempo real, o GEO seguirá capaz de atender todas as demandas do mercado móvel, até mesmo o 5G – sobretudo quando amparado por infraestrutura de edge computing, CDNs ou a partir da agregação de diferentes bandas.
No momento, a companhia realiza os ajustes finais para ter o Star One D2 operacional dentro de semanas. Segundo apurou este noticiário, até o momento o posicionamento do satélite, abertura dos painéis solares e os testes de rotina ficaram totalmente dentro dos parâmetros esperados, sem nenhuma surpresa. Uma vez em operação e superada a migração de serviços hoje atendidos por outros satélites, a Claro espera realizar testes aliando o recurso ao 5G.
Constelação
Como a operadora mais avançada em baixa órbita dentre as operadoras tradicionais de satélite, a Telesat entende que algumas aplicações seguirão atendidas por satélites GEO, mas espera que o LEO possa absorver a grande maioria delas.
Segundo o gerente sênior de produto da Telesat Lightspeed, Jiby Jacob Thayyil, efeitos como ganhos de escala com o lançamento da constelação devem garantir a viabilidade do negócio, além do sucesso de testes ao lado de empresas como TIM e Telefónica.
Thayyil também destacou o caráter flexível da proposta de conectividade para as operadoras. Ao contrário da Starlink, que busca o mercado residencial, a Lightspeed da Telesat aposta em uma abordagem carrier-grade, com parcerias com as teles.
Também presente no debate, o gerente de backhaul da TIM, Luis Fábio Ferreira, reiterou a intenção da empresa em contar com cobertura LEO para projetos como o Sky Coverage. "Muitas funcionalidades nós vamos conseguir com atender com GEO, mas o LEO vai conseguir abranger algumas coisas que a gente não consegue", afirmou o profissional.