Até o momento, apenas 14 mil estações receptoras da banda C estendida (3.625-3.700 MHz) estão cadastradas no sistema da Anatel, contra uma estimativa de 30 mil do mercado. A informação é da Superintendência de Outorga e Recursos à prestação (SOR) e foi repassada pelo gerente substituto de regulamentação e assessor da superintendência de planejamento regulatório, Marcos Cruz, durante o Congresso Latinoamericano de Satélites nesta quarta, 1º de setembro.
O número se restringe às receptoras, que são a maioria, mas o cadastro também abrange as estações transceptoras e transmissoras que utilizam a faixa de 3,5 GHz. Ao final do prazo inicial de inscrição, no dia 1º de abril, a projeção era semelhante (12 mil). Seria menos da metade da base total de 30 mil estações estimada pelo setor de satélites, embora a Abert estime um total menor: de 19,5 mil estações.
Falando como presidente da Abrasat, Fabio Alencar afirmou que há um entendimento de que, ao ser constituída, a Entidade Administradora da Faixa de 3,5 GHz (EAF) "deve incentivar o cadastramento por mais tempo", já que será necessário que todas essas estações sejam contempladas com o ressarcimento para efetuar a migração e, assim, liberar o uso da frequência para o 5G.
"Na minha visão, campanhas ainda terão que ser realizadas. Não gosto da ideia de botar prazos, não acho que o canal de TV que esqueceu de se cadastrar vai deixar o cidadão que não tem nada ficar sem TV", declara Alencar. "As afetadas não serão as grandes, como Sky, Globo ou Record, serão aquelas emissoras no interior, que não têm engenheiro e nível de atenção como têm os grandes grupos", completa.
Mais cedo, também durante o evento online organizado por TELETIME e Glasberg Comunicações, o conselheiro da Anatel, Moisés Moreira, afirmou que iria levar ao conselho diretor a proposta de prorrogação do cadastro após sugestão do Sindisat. Na opinião dele, há possibilidade de isso ser acatado.
Filtro
Do lado operacional da Sky, a migração das estações que operam na banda C estendida será mais tranquila. Luiz Otávio Marchezetti, vice-presidente de tecnologia na companhia, coloca que a operadora está fazendo testes de laboratório com filtros, alguns de US$ 1 mil, que permitem a mitigação, e constatou que existe um comprometimento de 20 MHz no começo da faixa de 3.700 MHz que é incontornável. "Nossos testes mostram que conseguimos sim com a recepção profissional operar somente a partir de 3.720 MHz", destacou ele em participação no congresso.