A Anatel está estudando a convivência das futuras frequências 5G com o mercado de satélites. O presidente Juarez Quadros lembra que entre algumas faixas estudadas para o chamado IMT-2020, algumas estão atribuídas para serviço de satélite, incluindo parte do uplink da banda Ka (de 27 a 27,5 GHz). Por conta disso, a agência estuda o compartilhamento e a compatibilidade entre serviços utilizando metodologia definida nas recomendações da UIT-R. "Se apoiará a identificação de faixas para o IMT caso os estudos comprovem a compatibilidade com sistemas existentes", declarou ele durante Congresso Latinoamericano de Satélites nesta sexta-feira, 1, no Rio de Janeiro. "Tem interesses nacionais de diversos países neste jogo para essa faixa que está em estudo."
Porém, ele é enfático: a orientação da Anatel para os profissionais que trabalham na UIT em Genebra e na Citel em Washington é de não acompanhar a posição norte-americana de utilizar o espectro em 28 GHz para 5G. "A gente só vai acompanhar se for comprovada a compatibilidade com a banda Ka", completa o superintendente de outorgas e frequências, Vitor Elísio Menezes. Vale lembrar que os Estados Unidos contam ainda com apoio de países como Japão e Coreia do Sul na destinação da faixa para o IMT-2020.
Faixa de 3,5 GHz
Há outro problema, também complexo, com a faixa de 3,5 GHz e interferência sobre as aplicações em banda C no Brasil. Menezes reconhece que há sim um desafio por questões de interferência, e que existe dificuldade em identificar as estações de TVRO (recepção de sinais de TV) que precisam de filtros, "até para desenhar a modelagem de negócios", uma vez que elas não são homologadas e nem informadas para a Anatel. "Conversei com fabricante de equipamentos, (eles estimam que) temos 20 milhões em antenas de recepçÃo de TV analógica e 5 milhões digital", afirma. Há uma saída: um estudo aponta para a possível convivência das faixa. "Se for confirmada, aí sim faremos o leilão, porque é uma faixa nobre que não estamos usando."
Futuros leilões com outras faixas para 5G, contudo, ainda dependem de análise da UIT. A agência submeteu contribuições (fillings) e aguarda a consolidação para que o assunto entre na pauta do conselho diretor. Mas Menezes garante que um novo certame está, sim, no horizonte da área técnica.
Como próximos desafios, Juarez Quadros lembrou de novas faixas de frequência em estudo, como as bandas Q (30 a 50 GHz) e V (40 a 75 GHz). E a possível revisão da regulamentação do Serviço Móvel Global por Satélite (SGMS): a entidade está avaliando os comentários após audiência da destinação da faixa da banda S no último dia 25 de agosto.