BNDES sugere parcerias público-privadas para gestão de postes

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Foto: SMSUrb/Divulgação/PMPA

Em meio ao debate no Senado sobre projeto lei que regule o uso dos postes da rede elétrica pelo setor de telecomunicações, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) defendeu a utilização do modelo de Parceria Público-Privada (PPPs) para a implantação, operação e manutenção das atividades de compartilhamento.

A sugestão do banco público foi enviada ao relator do PL 3.220/19 na Comissão de Infraestrutura (CI) do Senado, Esperidião Amin (PP-SC). A ideia do BNDES, contudo, não foi acatada em novo substitutivo apresentado pelo senador nesta terça-feira, 1º.

"Essa sugestão é mais aderente a um arranjo no qual os postes são geridos por um operador neutro", apontou o senador, mostrando ceticismo com o modelo do chamado "posteiro". O que Amin defende é a possibilidade de delegar a fiscalização dos postes aos municípios, mediante recebimento pelas prefeituras de uma parcela da receita com alugueis dos postes.

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Já "a obrigação de que os postes sejam geridos por um operador neutro contraria um dos princípios centrais [do projeto]", afirma o senador em relatório do substitutivo do texto. Para ele, transferir tal tarefa de forma obrigatória a um terceiro traria riscos para a continuidade e segurança da distribuição de energia.

"Por exemplo, em situações de eventos climáticos extremos, cada vez mais frequentes, a distribuidora poderia alegar que o restabelecimento do fornecimento está condicionado à atuação do operador neutro, dificultando a sua (distribuidora) responsabilização direta e comprometendo a agilidade no atendimento emergencial à população", afirma relatório de Amin.

"Além disso, há o risco de multiplicação de contratos entre distribuidoras e operadores neutros em distintas regiões ou municípios, o que poderia resultar aumento de custos operacionais, posteriormente repassados às tarifas dos consumidores de energia elétrica", alega o senador.

Debate nas agências

A criação de um operador neutro para gestão dos espaços de telecom em postes tem sido debatida pela Anatel e Aneel no âmbito de um novo regulamento conjunto para compartilhamento de postes, cuja negociação se arrasta há anos. Tal indecisão tem inclusive motivado a atuação do Congresso no tema.

A agência de telecom já chegou a defender a cessão obrigatória dos espaços em postes aos posteiros, algo que também foi incentivado em decreto do governo, mas a última proposta da reguladora do setor elétrico prevê essa cessão apenas em casos de desempenho inadequado da distribuidora de energia. O novo texto do PL 3.220/19 reflete este último entendimento.

Mas vale notar que a proposta mais recente da Aneel também sugere a criação pelas próprias empresas elétricas de uma nova pessoa jurídica para a tarefa de posteiro, com esse agente podendo, inclusive, explorar serviços de telecom com redes próprias. Para valer, o regulamento conjunto de postes deve ser aprovado pelas agências dos dois setores.

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