A Anatel estuda não apenas a oferta de mais espectro para serviços móveis, mas a forma como pretende fazer isso. O superintendente de outorga e recursos à prestação da agência, Vinícius Caram, exibiu durante workshop do Painel Telebrasil 2022 nesta semana as propostas para as diversas aplicações móveis – com destaque para as redes privativas (serviço limitado privado – SLP).
A proposta da SOR é de disponibilizar um "cardápio de frequências" para as empresas, tanto em 4G como 5G, mas sem retirar faixas já utilizadas nas redes comerciais. O cardápio será dividido por regiões do espectro, uma vez que o superintendente coloca que "aplicações diferentes podem demandar diferentes frequências".
Caram afirma na apresentação: "De uma maneira geral, se tenta não retirar faixa de frequências das [redes] comerciais, mas sim adicionar outras faixas não IMT ou IMT que possuam restrições que dificultariam uma aplicação ubíqua". Ou seja, ainda que seja espectro fora da padronização do 3GPP, a banda poderia ser disponibilizada para aplicações pontuais internas (indoor), o que reduziria o risco de qualquer tipo de interferência em outros serviços externos.
Desta forma, as faixas disponíveis atualmente ficariam desta forma:
- 225-270 MHz
- 1.487-1517 MHz
- 2.390-2.400 MHz
- 2.485-2.495 MHz
- 3.700-3.800 MHz
- 27,5-27,9 GHz
Outras faixas que podem entrar no cardápio, mas ainda estão em "fase final para disponibilização", são a de 410-415 MHz e de 420-425 MHz.
Próxima etapa
Agora a Anatel trabalha para ofertar mais capacidade para serviços móveis. A apresentação de Caram destaca o refarming da faixa de 850 MHz, especificamente para liberar blocos contínuos na faixa, e adição de "espectro viável" em 800 MHz (faixa 26 do 3GPP). A proposta também disponibiliza o espectro de 4,9 GHz (4.800-4.960 MHz).
Há ainda a intenção de disponibilizar a frequência de 1,5 GHz, dos quais 1.427-1.487 MHz seriam para operadoras e 1.487-1.517 MHz para redes privativas. Neste quesito, Caram garante que haverá proteção para o serviço móvel por satélite (MSS, na sigla em inglês) operando acima de 1.525 MHz. Esta preocupação foi trazida pela operadora Inmarsat em consulta pública da minuta de resolução que aprova o Plano de Atribuição, Destinação e Distribuição de Faixas de Frequências no Brasil (PDFF), em janeiro de 2021, uma vez que a multidestinação da banda L (1.492-1.560,5 MHz) entraria no MSS (1.518-1.560,5 MHz).
6G
A sexta geração tem sido objeto de estudo e discussões em organismos internacionais, e a Anatel continua a ter atuação contundente nessas ocasiões. As perspectivas para o 6G da agência se baseiam no grupo de trabalho WP 5D na União Internacional de Comunicações (ITU-R), que estuda o sistema IMT para "2030 e além".
A ideia é utilizar frequências em terahertz (THz) e sub-THz, além do espectro atualmente ocupado por outras gerações de redes móveis. Nesta semana, inclusive, cientistas da universidade alemã Technische Universität Braunschweig e da Universidade de Waseda, no Japão, desenvolveram o primeiro link bidirecional em THz que pode ser utilizado como backhaul para provedores. A pesquisa contou com participação de fornecedores como a NEC e a operadora Deutsche Telekom da Alemanha.
A perspectiva do uso de 6G da SOR é a seguinte:
Banda de frequência | Aplicações |
> 90 GHz | Sensores e aplicações de curto alcance |
20-70 GHz | Capacidade em hotspot |
7-20 GHz | Capacidade urbana extrema |
2,5-4,9 GHz | Capacidade urbana |
600-2.600 MHz | Cobertura de amplo alcance |
470-690 MHz | Cobertura ampla extrema para IoT |
Distribuição nacional
O cenário atual do espectro disponível para operações móveis no Brasil é de 4.519 MHz, a maior parte em frequências acima de 3 GHz (justamente as que foram objeto do leilão do 5G). Confira no diagrama disponibilizado por Vinícius Caram abaixo: