Lideranças da União Europeia (UE) inauguraram nesta terça-feira, 1°, o cabo submarino EllaLink, que interliga o continente ao Brasil a partir de Sines (Portugal) e de Fortaleza.
O sistema óptico de 6,2 mil km deve entrar em operação comercial apenas nas próximas semanas. Ainda assim, a conclusão do projeto (concebido há quase dez anos) foi celebrada em evento promovido em Sines pela Comissão Europeia e pelo governo português, que ocupa a presidência rotativa do órgão executivo da UE.
Ministro da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) brasileiro, Marcos Pontes representou o País na solenidade. O Brasil chegou a ser um dos sócios do EllaLink após contrato assinado em 2015, mas abandonou o projeto em 2018 por falta de recursos para investimentos por meio da Telebras. Um posterior contrato para uso da capacidade do cabo também foi rompido pela estatal.
A ligação de alta velocidade entre os continentes sem passagem pelos EUA, contudo, continuou como ponto estratégico para os europeus. Cerca de 150 milhões de euros (quase R$ 1 bilhão) foram investidos no EllaLink, com grande parte financiada a partir de instituições públicas como o European Investment Bank (EIB).
Âncora
Já o programa Bella (uma rede de interconexão entre comunidades de pesquisa e educação da Europa e América Latina) da UE atuou como principal cliente âncora do sistema, segundo o CEO da EllaLink, Philippe Dumont.
O cabo ainda tem contratos com operadoras do norte da África, da Ilha da Madeira e, no Brasil, com a Telxius. O EllaLink deve chegar em Fortaleza utilizando as instalações de landing station da subsidiária de infraestrutura da Telefónica.
São Paulo e Rio de Janeiro terão pontos de presença (ou POPs) da operadora a partir de data centers da Equinix. O sistema também se conectará com a infraestrutura da Globenet e da Lumen na capital cearense.
A empresa ainda terá outros POPs na cidade portuguesa de Sines (landing station do cabo na Europa), assim como em Lisboa, Marselha, Madrid e Barcelona. Ramificações também estarão presentes em países africanos como Marrocos, Cabo Verde e Mauritânia, permitindo rotas mais rápidas para o restante do continente e a Ásia.
Participando do evento da Comissão Europeia, o CEO da Nokia, Pekka Lundmark, destacou o sucesso na construção "in house" do sistema pelos europeus. A fornecedora finlandesa foi responsável por manufaturar o cabo (com vida útil de 25 anos) a partir da divisão Alcatel Submarine Networks.
Em sua rota principal, o EllaLink deve trafegar até 100 Tbps de capacidade. A projeção é de uma conexão direta com delay de 60 milissegundos (ms), representando metade da latência atual para usuários.