Novo presidente da Telebrás fala em parceria para estimular provedores locais

O novo presidente da Telebrás, Caio Bonilha, assumiu nesta quarta, 1°, após três horas de reunião do conselho de administração, o cargo que até ontem era de Rogério Santanna. Ele afastou a possibilidade de a empresa atuar no varejo (o que, aliás, já vinha sendo dito pela Telebrás há muito tempo), e prometeu atuar em parceria com a iniciativa privada e incentivar o mercado de provedores de comunicação multimídia, para garantir a acessibilidade do serviço mesmo em cidades onde não existam provedores para a venda de banda larga ao consumidor final.
Na saída da reunião, da qual só participou da primeira etapa, Santanna identificou uma contradição entre o discurso e a prática no tratamento pelo governo do Plano Nacional de Banda Larga (PNBL), da qual a Telebrás é a gestora. "É certo que as prioridades do governo se vêem na contabilidade; se não há recursos, (o PNBL) perde prioridade", acentuou. Ele informou que sua convivência com o ministro Paulo Bernardo (Comunicações), com quem trabalhou quase seis anos, já não era tão fácil. "À medida que o PNBL foi avançando, que os interesses das teles foram se mostrando, minha relação com o ministro foi se deteriorando", revelou.
Santanna disse não acreditar na entrega do gerenciamento do PNBL às teles – especificamente à Oi – mas que o distanciamento que mantinha com elas ajudou a derrubá-lo do cargo. "Não acredito que chegue a esse ponto, mas está clara a orientação do governo de aproximar das empresas. Esse é o motivo da minha demissão", declarou.

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Competição com cliente
Já o novo presidente Caio Bonilha disse ver o episódio de outra forma. "A Telebrás não pode competir com nossos clientes (os provedores de Internet). Vai estimular a sua qualificação", acentuou, lembrando que apenas nas regiões metropolitanas, onde teoricamente as teles teriam território livre para se expandir, há cerca de 12 milhões de domicílios das classes C e D sem atendimento. "Temos de desenvolver os prestadores locais", insistiu. Sobre a falta de recursos orçamentários, um dos motivos que teriam causado a queda de Santanna, Bonilha evitou polemizar com seus superiores ao dizer que não acompanhava o desenrolar desse assunto. Mas mostrou-se otimista: "Os R$ 300 milhões aprovados para este ano pelo governo federal devem ser liberados."
"Vamos atuar sempre no mercado de atacado e incentivar o mercado de parceiros para atender o varejo", afirmou, referindo-se a essa ação de preparação e qualificação de pequenos provedores como o objetivo social da Telebrás. A cidade de Santo Antônio do Descoberto/GO, que será a primeira a disponibilizar os serviços do PNBL, ainda este mês, foi citada como exemplo desse esforço de chegar ao consumidor residencial.
"A cidade (que fica a 30 kmde Brasília) não tinha nenhum provedor de Internet, mas, com o cadastramento dos provedores, e da cartilha de qualificação, já resolvemos o problema", exemplificou, lembrando que essa atividade vai consumir dedicação da estatal. "Estávamos negociando com a prefeitura desde dezembro e, com o desenvolvimento do backbone, essas negociações estão se concretizando", informou, numa referência também à cessão de terreno do município para instalação do ponto de presença da banda larga na cidade. É a partir desse ponto que a população pode ser atendida.
Bonilha citou também a vizinha Águas Lindas, na divisa do Distrito Federal com Goiás, como fruto do trabalho social da Telebrás: a escolha do provedor que vai atuar na localidade resultou do trabalho de convencimento de um operador de SCM da Ceilândia, no Distrito Federal, por meio do programa de qualificação do PNBL para prefeituras. "Todo o entorno de Brasília é muito mal atendido (de provedores)", dimensionou.
"Queremos forçar os provedores para que venham para o Programa Internet Popular", informou, lembrando que é por meio dele que o plano de serviço básico, uma exigência da presidente Dilma Rousseff, será oferecido ao público com uma velocidade de 1 Mbps e preço de R$ 35,00.

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