O Conselho Diretor da Anatel aprovou na última segunda-feira, 31, uma autorização para estudos hidrográficos visando a instalação de um cabo de fibra óptica subfluvial entre Brasil e Colômbia, no leito do Rio Içá (ou Rio Putumayo, no país vizinho).
A iniciativa mira o estabelecimento de um backbone óptico transcontinental ligando os oceanos Atlântico e Pacífico, utilizando as infovias de fibra do programa Norte Conectado. A realização dos estudos e de uma inspeção náutica e terrestre ficará a cargo da Entidade Administradora da Faixa de 3,5 GHz (EAF), que executa parte do programa federal na Amazônia.
A iniciativa está ainda alinhada com as medidas da Anatel de promover ações com impacto social ou ambiental, em linha com os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável. Nesse caso, a matéria foi relatada pelo conselheiro Alexandre Freire.
A intenção é que o novo trecho entre Brasil e Colômbia permita uma futura ramificação da Infovia 02 do Norte Conectado, que liga as cidades de Tefé e Atalaia do Norte. A rota teve implementação concluída neste ano pela EAF e passa pela cidade de Santo Antônio de Içá, próximo de onde o Rio Içá deságua no Rio Amazonas. Do município partiria o novo cabo.
A realização do trecho, contudo, está condicionada à execução pelos colombianos de um projeto correspondente ao longo do Rio Putumayo (nome do Rio Içá no país), nota a Anatel.
O rio que pode viabilizar a ligação internacional entre Brasil e Colômbia tem mais de 1,8 mil km de extensão e percorre a maior parte da fronteira colombiana com o Peru, além de trechos da fronteira com o Equador. A nascente do Içá/Putumayo fica na região andina da Colômbia.
A interligação da infraestrutura de fibra brasileira com países vizinhos é um desejo antigo, e visto como um passo necessário. "A instalação de um cabo óptico do Brasil para a Colômbia é uma medida essencial para ampliar a resiliência da infraestrutura nacional", notou a Anatel, em comunicado divulgado na segunda.
"Atualmente, as infovias executadas oferecem conectividade limitada para a região [amazônica], uma vez que a conexão internacional se dá via terrestre entre Belém/PA e Fortaleza/CE. Para que as infovias possam ter sua efetividade plena, torna-se necessária a ligação entre a Infovia 02 e um cabo submarino internacional", completou a agência.