Donos de iPhones começaram a receber a nova atualização do iOS 18.4 no Brasil. A principal novidade foi a introdução do Apple Intelligence – a ferramenta de inteligência artificial (IA) da companhia.
A chegada do recurso em português brasileiro era uma das promessas da fabricante norte-americana – que domina cerca de 10% do enorme mercado móvel do País.
Entre as principais novidades estão as ferramentas para ajudar o usuário a revisar, escrever e resumir textos; remover pessoas e objetos em fotografias; criar vídeos usando fotos a partir de uma descrição; e gerar imagens.
Privacidade
Em comunicado à imprensa, a gigante de Cupertino disse que a IA foi desenvolvida "para proteger a privacidade", já que o processamento ocorre no próprio aparelho. No entanto, para comandos mais complexos (não especificados pela empresa), a nuvem da Apple é utilizada.
Exemplo disso é a integração com o ChatGPT. Agora, a Siri oferece respostas com base na plataforma da OpenAI – que também pode ser utilizada para reescrever textos.
"Você decide o que é compartilhado com o ChatGPT e pode desativá-lo a qualquer momento nos Ajustes. Se você não iniciar a sessão no ChatGPT, suas solicitações serão anônimas e não serão usadas para treinar os modelos da OpenAI", informa a fabricante aos usuários que baixaram a atualização.
Advogada especialista em direito digital e membro titular do CNCiber, Dra. Patricia Peck disse ao TELETIME que é necessário que a empresa deixe mais claro ao consumidor quais dados são utilizados e como eles são trabalhados. "Apenas esta abordagem de 'tudo ou nada' não é suficiente para garantir proteção dos dados pessoais dos usuários", contou.
O professor do Insper e integrante da ONG Coletivo Digital, Dr. Rodolfo Avelino, concorda. "Não conseguimos verificar a eficácia dessas medidas. Ainda que o controle seja do usuário, existem riscos, sobretudo de vazamento de dados, durante a transmissão ou armazenamento, seja entre o equipamento do usuário e a Apple, ou na troca de informações entre as duas corporações", explicou.
Regulação no Brasil
Não é a primeira vez que uma fabricante adiciona recursos de inteligência artificial em celulares no Brasil. Os smartphones mais avançados da Samsung já usam a tecnologia (especialmente para edição de imagens). A diferença é que o Apple Intelligence está mais integrado ao ecossistema da marca – podendo ser utilizado, inclusive, em e-mails e mensagens privadas de milhões de usuários do País.
Por ser um recurso embutido nos celulares, Peck entende que a Anatel teria competência para criar regulamentações sobre ferramentas de IA (como as da Apple), caso esses recursos sejam considerados essenciais para a prestação de serviços de telecomunicações ou impactem o funcionamento desse mercado. "Tendo em vista que são incorporados de fábrica para uso maciço dos usuários de telecomunicações, caberia uma atuação da Anatel", afirmou a especialista.
Já a Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD) seria a principal responsável por regular e fiscalizar esse serviço, "sobretudo o tratamento dos dados pessoais coletados por essas duas grandes corporações", afirmou Avelino.
Equipamentos
De acordo com a Apple, somente os modelos mais recentes e avançados dos celulares da Apple tem processadores que suportam a nova IA. Ou seja: iPhone 15 Pro e iPhone 15 Pro Max; e toda a linha do iPhone 16 (16e, 16, 16 Plus, 16 Pro e 16 Pro Max).
Além dos celulares, os novos recursos do Apple Intelligence chegam aos sistemas operacionais dos iPads e dos MacBooks. Em ambos os casos, há integração com a plataforma da OpenAI.