Cisco vê complementariedade, e não embate, entre WiFi e 5G

Para a Cisco, as operadoras de telecomunicações devem pensar as redes WiFi como um complemento essencial para as suas redes 5G, e não como um rival na disputa por espectro. O country manager da empresa no Brasil, Ricardo Mucci, lembra que mais de 60% do tráfego de dados passa pela rede WiFi hoje. "Imagine o investimento que seria necessário por parte das operadoras se esse volume de dados só pudesse trafegar pelas redes móveis", diz ele, em entrevista a este noticiário durante o Mobile World Congress 2023, que acontece esta semana, em Barcelona. 

Para a Cisco, que defende a manutenção integral do espectro de 6 GHz para o uso não licenciado, o WiFi é hoje a principal forma de acesso final dos usuários às redes de telecomunicações, o que só deve se intensificar. "Não quer dizer que o 5G ou o acesso em fibra não sejam importantes. Todos são igualmente essenciais, mas complementare", diz Giuseppe Marrara, head de relações institucionais e regulatórias da Cisco no Brasil. Ele explica que desde 2003 não havia nenhuma liberação de espectro adicional para uso não-licenciado, e que as faixas de 2,4 GHz e 5 GHz estão completamente saturadas. A Cisco dá um exemplo concreto: como provedora oficial do WiFi nos pavilhões do Mobile World Congress, ela mede em tempo real mais de 19 mil conexões de dispositivos WiFi simultaneamente, e consegue comparar o desempenho nas faixas de 2,4 GHz, 5 GHz e 6 GHz. "Nas faixas de 2,4 GHz e 5 GHz o desempenho da rede é muito abaixo o aceitável na maior parte dos casos, enquanto na faixa de 6 GHz não há nenhuma interferência", explica Mucci. A Cisco aposta em soluções de WiFi robustas e completamente gerenciáveis como o complemento necessário para as redes móveis, desde equipamentos que podem ser completamente configurados em nuvem. Na prática, explica Mucci, a ideia é que a rede móvel seja uma extensão perfeita da conectividade 5G, com as mesmas características de segurança, robustez e performance.

A empresa é entusiasta do modelo de Open Roaming entre redes móveis  e WiFi, e acredita que essa abordagem será cada vez mais adotada pelas operadoras. A lógica por trás do modelo, que já está sendo implementado pelos fabricantes de dispositivos de WiFi e handsets, é que os usuários de redes móveis sejam conectados automaticamente e sem nenhum tipo de interação necessária com redes WiFi quando houver a possibilidade. 

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Mas a Cisco tem também uma estratégia em 5G. Nesse caso, para a camada de transporte. "A gente vê as operadoras tendo uma demanda cada vez maior de dados e a camada de transporte precisa funcionar de maneira segura e gerenciável para isso", diz ele. Por isso as parcerias com empresas de infraestrutura neutra, como a anunciada com a V.tal, são importantes. São empresas que já querem preparar suas redes para serem integradas com redes 5G. "As redes de transporte precisam ser automatizadas na sua operação, porque serão redes cada vez mais complexas, com múltiplos tenants (usuários), com necessidades distintas". 

O mesmo vale para redes privativas, outra aposta da Cisco, em linha com a tendência seguida por várias empresas fornecedoras.

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