"Baixa latência é dinheiro": edge computing chega ao centro da estratégia das operadoras

A possibilidade de fragmentar o poder computacional com a distribuição na borda da rede – edge computing – pode ser uma oportunidade para as operadoras adicionarem fluxo de receita, proporcionada por novas aplicações e serviços. Pela característica da topologia da rede móvel, com antenas chegando mais próximas aos usuários, as teles têm nas mãos a infraestrutura com meio caminho andado para suportar aplicações de alto throughput e baixa latência, ainda mais com a chegada da 5G. "Ao contrário de um provedor de nuvem com concentração, a operadora tem arquitetura distribuída naturalmente que pode entregar a computação na borda", detalha o vice-presidente executivo da VMware, Shekar Ayyar. Ele explica que a abordagem pode até ter níveis diferentes, aplicados de acordo com a necessidade. "Se você olhar o core da operadora, tem de ter um mecanismo econômico para ter backhaul e transporte, dividindo o edge em near (no escritório central), far edge (em um hub) e no cliente."

O arquiteto sênior de soluções de integração da Cisco, Jochen Heidl, sumariza a oportunidade ao justificar que a qualidade da experiência poderá ser monetizada: "Baixa latência é dinheiro". Contudo, ele chama atenção para a necessidade de gerenciamento do tráfego na hora de garantir o tempo de resposta adequado. "Proximidade não significa baixa latência – se você não controlar a fila [de pacotes] e atrasos, isso permite concentrar funções de serviço vindo da rede, e não passando pelo edge. Isso permite maior controle e eficiência econômica", afirma.

O diretor-executivo de Business Networking Consulting da Huawei para a América Latina, Guillermo Solomon, entende que o edge computing não necessariamente precisa estar nas ERBs, mas deve estar fundamentado na virtualização da rede. "A cloud é base para a 5G, para o novo modelo", destaca. "Posso pensar em três fatores para o edge computing: o primeiro grande motivador é a 5G, o segundo é a baixa latência e o dinheiro, e o terceiro é o aumento da inteligência artificial e machine learning", conta o representante da Deutsche Telekom, Alex Choi.

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Marcelo Freire, vice-presidente de core, cloud e digital da Ericsson, explica que o conceito de edge já é aplicado mesmo antes da chegada da 5G. Ele cita o caso das redes de distribuição de conteúdo (CDN), atualmente já com grande penetração nas redes brasileiras e fundamental na estratégia de empresas over-the-top como a Netflix. A fornecedora sueca incrementa o serviço com uma plataforma de inteligência artificial que ajuda a otimizar o caminho até a borda. "Ele usa a IA para aprender onde estão as melhores rotas e chegar mais rápido", conta. No final das contas, o objetivo é o mesmo de quando a quinta geração chegar. "A percepção do usuário será a de uma melhor experiência", diz.

* O jornalista viajou a Barcelona a convite da Huawei.

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