Mobile World Congress: o que a neutralidade representa para os fornecedores

O Mobile World Congress de 2015 acontece em um momento interessante em relação ao futuro dos negócios do setor de telecomunicações. Pode ser apenas uma onda de calor decorrente da recente decisão da FCC de regular o mercado de Internet como o mercado de telecomunicações, mas o fato é que existe no ar uma preocupação sobre como isso afetará a estratégia de operadores e fornecedores no futuro. Do ponto de vista das operadoras, na pior das hipóteses, haverá um redirecionamento dos investimentos. Mas do ponto de vista dos fornecedores de tecnologia, as implicações podem ser mais complexas, já que as estratégias e produtos que estão sendo colocados no mercado agora começaram a ser desenhadas há alguns anos, e redirecionar o rumo das coisas não é tão simples assim.

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Pegue-se o exemplo da Nokia (ex-Nokia Solutions Networks, ex-Nokia Siemens Networks): uma das apostas da empresa para esse Mobile World Congress é o conceito do Programmable  World, ou "mundo programável". Consiste basicamente em aliar uma infinidade de dados coletados da rede e dos usuários para permitir às operadoras o desenvolvimento de negócios não apenas da oferta de redes e serviços, mas também no mercado de comunicação e marketing.

Um dos produtos dentro dessa linha é uma plataforma de marketing preditivo, que permite à operadora coletar e analisar os dados da rede e dos usuários em tempo real para oferecer soluções de comunicação customizadas. Em um ambiente em que a operadora não possa coletar esse tipo de dados, nem dar algum tratamento diferenciado, esse modelo de negócios torna-se inviável.

Impactos no longo prazo

Para Rajeev Suri, CEO da Nokia, o debate sobre neutralidade de rede representa um desafio para os fornecedores de tecnologia. "Ninguém discute que a Internet precisa ser aberta, mas existem serviços que exigem níveis diferenciados de qualidade. Carros conectados, soluções de saúde, nada disso funciona num ambiente de best effort (melhor esforço). As redes do futuro não serão (como as atuais redes de Internet) baseadas no melhor esforço. No longo prazo, limitar que se contrate serviços diferenciados talvez não seja no melhor interesse do consumidor", disse.

Suri fez a sua apresentação para a imprensa no Mobile World Congress buscando deixar claro que a Nokia não quer mais ficar discutindo as estratégias adotadas e histórias de seu passado. "Temos uma rica história, mas agora vamos olhar para frente", disse o CEO, ressaltando a melhora no desempenho das três áreas de negócio da companhia no final do ano passado: Nokia Networks (responsável pela área de redes), HERE (responsável pela área de mapas e localização) e Nokia Technologies (responsável pelo desenvolvimento de novas tecnologias e patentes).

O que fazer

Internet das coisas, processamento em nuvem, redes definidas por software, adensamento de redes, tudo isso está no portfólio da Nokia. O que a empresa está se esforçando para mostrar é o que é possível fazer com isso. "É o momento das empresas de telecomunicações tomarem a liderança da inovação. A quantidade de coisas que se pode fazer a partir do conceito de um carro conectado é imensa. Cabe às empresas de telecomunicações desenharem esses modelos e levarem para a indústria", disse Suri.

A Nokia também pontuou o roadmap para as redes 5G. Segundo Suri, o que se deve ver é o início dos primeiros deployments em 2017/2018 e as primeiras operações comerciais em grande escala em 2020.

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