Recife pode ganhar uma ramificação de cabo submarino, dando ao Estado de Pernambuco sua primeira rota internacional sem depender de Fortaleza. Conforme contou a este noticiário o diretor da Agência Estadual de Tecnologia da Informação (ATI-PE), Romero Guimarães, o governo pernambucano está atualmente em fase de discussões com empresas para concretizar essa possibilidade como parte do programa PE Conectado. A articulação é com várias secretarias do governo, a Prefeitura de Recife e o Porto Digital. Segundo ele, negociações com ao menos uma companhia já estão avançadas. "Temos uma cláusula [no contrato do programa] que diz que, se chegar um cabo em Recife, o provedor de rede vencedor da licitação vai ser obrigado a colocar uma conexão de no mínimo 100 Gbps no primeiro ano. Isso é demanda que fortalece a chegada do cabo, que está em negociação avançada", afirma.
Além dessa previsão contratual que garante um link, o governo pernambucano também conversa com outras empresas para a construção de um data center Tier 4, negociação que também estaria avançada e que permitiria justificar a ramificação do sistema submarino com a demanda na região. "O consumo do governo passa a ser uma boa reciprocidade [para o sistema submarino]", declara. O programa PE Conectado e o Porto Digital conferem os incentivos fiscais e cedem a área para a implantação do data center.
A fase atual de negociação com ao menos uma empresa de cabos submarinos já estaria nas negociações para a viabilidade técnica e financeira, mas um termo de compromisso ou intenção já está sendo elaborado para viabilizar a captação de investidores. Guimarães preferiu não citar quais companhias estariam em conversa com o Governo de Pernambuco, mas citou uma rota: a conexão Brasil – Nova York. Atualmente, a empresa que conta com esse sistema em operação é a Seaborn Networks, por meio do cabo Seabras-1, lançado em 2017. Outra pista é que este cabo conta com a possibilidade de ramificação em Recife, que inclusive poderia conectar a cidade não apenas aos Estados Unidos, mas também a Capetown, na África do Sul.
Procurada por este noticiário, a Seaborn não confirmou o projeto. O Seabras-1 já tem diversas ramificações, incluindo em Fortaleza, mas o ponto é que a rota terrestre em Recife precisa ter uma saída internacional direta sem depender da cidade cearense, o que eleva os custos de tráfego. Fonte próxima ao assunto analisou que a falta de um cabo submarino na capital pernambucana provoca um gargalo para o crescimento econômico, ainda mais com o PE Conectado e o desenvolvimento do Porto Digital. Uma eventual chegada de uma rota como a do Seabras-1 poderia servir não apenas como um catalisador econômico e tecnológico, mas também abrindo a possibilidade de a cidade se tornar um novo hub para grandes sistemas – justamente, como a rota com a África do Sul. "Recife tem potencial de se tornar a Virginia Beach do Nordeste brasileiro", disse, comparando a capital nordestina com a cidade norte-americana que se apresentou como alternativa às localidades mais comuns, como sul da Flórida e Nova York. Virginia Beach recebe hoje cabos como o próprio Seabras-1 e o BRUSA, da Telefónica.