Futuro do mercado está em satélites adaptáveis, diz deputy CTO da SES

O futuro do mercado satelital passa não apenas pela reutilização de foguetes, mas também na proposta de capacidade de processamento digital embarcada, com satélites configuráveis por software. Na visão do deputy CTO da operadora SES, Ruy Pinto, isso requer uma estratégia mais flexível para projetos de satélites custando menos e sendo fabricado mais rapidamente, ainda que tenha vida útil também menor. Uma forma de fazer isso é o de obter dispositivos idênticos, mas adaptáveis para poderem ser deslocados para outra posição orbital, por exemplo. "Pode reprogramar, colocar um novo conjunto de 'coeficiência' do processador digital e transmitir dados, seja em banda Ka, Ky, Q ou C", explicou ele durante o Congresso Latinoamericano de Satélites nesta quinta-feira, 31, no Rio de Janeiro. A única coisa que não seria alterável são as frequências que o satélite terá capacidade de operar. Ele lembrou que normalmente a indústria de fabricantes de satélites recebe cerca de 20 encomendas por ano, mas que este ano foram apenas quatro até agora, sendo um um acordo entre o governo da China e da Indonésia. "Isso mostra que os fabricantes precisam se adaptar a uma nova realidade".

Ruy Pinto reconhece que há uma "penalidade" com o design mais genérico: os satélites não teriam tanto desempenho e potência, mas ele acredita que há a compensação pela flexibilidade. "Se isso funcionar, estende o conceito de produção em massa para o satélite geoestacionário. Acho que a hora está chegando", analisa.

Também considera que o processamento digital pode ajudar para realizar ajustes orbitais em tempo real. Por exemplo: durante o dia, reduz o tamanho das células; por volta das 3h da manhã, quando não há rotas de aviões na região, diminui-se a potência (mantendo-se o desempenho). A ideia é conseguir realizar essas alterações em tempo real.

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Outra possibilidade é o satélite modular, por meio de uma plataforma base com uma carga nova que substitui a antiga (como no modelo da Estação Espacial Internacional – ISS). O executivo da SES acredita, entretanto, que este é um modelo menos eficiente. Já o reabastecimento está mais perto de ser colocado em prática. A operadora assinou um contrato com a MDA, fornecedora do braço robótico dos ônibus espaciais da Nasa, e a intenção é ter um veículo para reabastecimento comercial de um satélite geoestacionário. "Provavelmente vamos testar em 2021 ou 2022", diz Ruy Pinto.

Foguetes reutilizáveis

O executivo acredita que a reutilização de foguetes possibilitará a redução do custo fixo dos lançamentos, ainda mais com a futura concorrência de empresas como Blue Origin, do fundador da Amazon, Jeff Bezos. O vice-presidente de vendas comerciais da SpaceX, Jonathan Hofeller, não fala em números de eficiência de custo, mas ressalta metas da empresa de recondicionar o veículo em apenas uma hora, deixando-o pronto para um novo lançamento nesse intervalo. Também nos planos da companhia de Elon Musk está a utilização Falcon Heavy, programado para novembro. "Vai ser o maior veículo de lançamento hoje, e com menor custo por quilograma, com a reusabilidade dos três propulsores, levando 10 toneladas para órbitas geoestacionárias."

Com isso, Hofeller espera no futuro estabelecer lançamentos de foguetes reutilizáveis em intervalos regulares, como trens de carga para enviar ao espaço vários satélites ao mesmo tempo. Assim, elimina a necessidade de haver veículos de menor capacidade. "A preocupação é o acesso ao espaço, e não ter veículo pequeno", declara.

Uma coisa que não está nos planos da SpaceX, contudo, é uma plataforma de lançamento fora dos Estados Unidos, como na base brasileira de Alcântara (MA). "Acho que nosso governo quer proteger nossa tecnologia, então vamos permanecer nos EUA", diz.

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