Ericsson propõe criação de operadoras sociais

Há um mercado de 110 milhões de pessoas no Brasil dispostas a gastar R$ 15 de telecomunicações por mês, e as operadoras não se interessam porque o valor não cobre nem a assinatura básica. A saída proposta pelo vice-presidente comercial da Ericsson, Sérgio Quiroga da Cunha, é a criação de operadoras de nicho, com o objetivo específico de atender a populações em áreas que não interessam às grandes operadoras e que cobrem barato pelos serviços básicos.
Diferentemente das espelhinhos, que são controladas por investidores que, naturalmente, visam o lucro, essas novas operadoras teriam objetivos sociais. Quiroga viu esse modelo de negócio na Índia, em recente visita. São mais de dez pequenas operadoras que receberam isenção de impostos e direito de passagem para viabilizar o negócio e oferecer serviços de telecomunicações às comunidades mais distantes. Segundo o executivo, o plano na Índia é atingir algo próximo de um bilhão de usuários. A teledensidade é muito baixa na Índia. Segundo o ex-ministro das Comunicações, Juarez Quadros, a penetração é de quatro usuários por cem na telefonia fixa e um por cem na telefonia móvel, dados relativos a dezembro passado. Na China, a teledensidade da telefonia fixa era de 17% e a móvel de 16%. No Brasil, nesse mesmo período, a penetração estava em 22% na telefonia fixa e em 20% na telefonia móvel (22,67% em agosto deste ano).

Modelo

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Quiroga apresentou ao vice-presidente da Anatel, Antonio Carlos Valente, uma sugestão para que se estude no Brasil o modelo de negócio da Índia. Mas Valente informou a TELETIME News que ainda não recebeu toda a documentação para estudar o assunto. A princípio, acha difícil. Primeiro, porque nas várias discussões sobre reforma tributária o governo não concordou com a redução de impostos – quanto mais isenção. Segundo, o direito de passagem, ou compartilhamento de rede, está longe de virar um consenso no País.
De qualquer forma, Quiroga diz que o tamanho da faixa de consumidores das classes C, D e E deveria atrair a atenção das operadoras, pois há necessidade de um produto diferenciado. ?A Anatel precisa agir, ou o ministro (das Comunicações, Miro Teixeira), ou quem está mandando nisso?, desafiou Quiroga, ao falar sobre universalização para auditório lotado, na Futurecom. O riso foi geral. Mas o superintendente de universalização da Anatel, Edmundo Matarazzo, que participava do painel, não se alterou. Acrescentou que as classes C, D e E representam 31 milhões de domicílios, equivalentes a 67% das residências brasileiras, que respondem por 40% do consumo nacional. ?Falta produto para que eles tenham uma representação maior em telecomunicações?, concordou o superintendente.

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