Dantas omite da Justiça de NY uso de documentos furtados

Dantas utilizou como prova em uma disputa que trava em Nova York contra o Citibank uma representação feita em 31 de outubro de 2001 ao Procurador Geral de Justiça do Estado do Rio de Janeiro. O que Dantas não contou ao juiz Lewis Kaplan, que conduz o processo em Nova York, é que ele foi obrigado a se retratar desta queixa-crime junto à mesma procuradoria em 14 de março de 2002, admitindo que ela estava fundamentada em documentos furtados do empresário Luis Roberto Demarco, ex-sócio e desafeto de Dantas.
A representação com a queixa-crime e a carta de retratação de Dantas, admitindo ter usado documentos furtados de Demarco, estão disponíveis em www.teletime.com.br/arquivos/retratacao.zip .
Dantas só admitiu ter usado documentos furtados de Demarco na representação à Procuradoria do Rio de Janeiro depois de uma ordem da Justiça de Cayman, que constatou o delito. Dantas também teve que admitir que usou os documentos em desacordo com ordem da Justiça de Cayman. "A Grande Corte das Ilhas Cayman ordenou-me que escrevesse para os senhores para explicar que a Corte concluiu que o documento da TIW era um documento confidencial furtado do Sr. Demarco, e que evidencia em seu conteúdo nada além de um acordo para compartilhamento dos serviços de advogado (…)", diz Dantas em sua retratação, assinada de próprio punho.

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Contexto

Para entender essa história é preciso entender o contexto em que Daniel Dantas levou, à Justiça de Nova York, uma queixa-crime feita por ele em 2001. Nos últimos dias, o Opportunity tem se esforçado, em Nova York, para tentar evitar que o Citibank e a Brasil Telecom obtenham liminar que impedirá o grupo de utilizar os US$ 390 milhões que receberão da venda da Telemig Celular para a Vivo. Os US$ 390 milhões serão pagos à Highlake, uma das acionistas da Telemig, controlada pelo Opportunity. O que o Citibank alega é que ele tem direito a um terço da Highlake, e a Brasil Telecom alega ter direito aos outros dois terços. O Opportunity só reconhece 5% ao Citibank, e alega que a BrT não tem direito a nada.
No contexto desta briga, Daniel Dantas argumentou ao Juiz Lewis Kaplan que constituiu a Highlake como uma forma de proteger os interesses do próprio Citibank. No começo de 2003, a Highlake foi utilizada para comprar, por US$ 65 milhões, a participação da empresa canadense TIW na Telemig Celular. O que Dantas diz é que antes disso havia uma grande conspiração da TIW com os fundos de pensão e com o empresário Nelson Tanure para tentar tomar o controle da empresa de telefonia celular.

Provas

Dantas coloca como supostas provas dessa conspiração relatórios de espionagem realizados pela Kroll, reportagens da revista Veja de 2001 baseadas em grampos ilegais e esta representação com queixa-crime contra Luis Roberto Demarco e contra o então presidente da TIW, Bruno Ducharme.
Vale lembrar, como já informou este noticiário ontem, que a Kroll supostamente havia sido contratada pela Brasil Telecom (quando Dantas administrava a empresa) para levantar informações sobre a Telecom Italia. O que o próprio Opportunity evidencia é que a Kroll espionou também a TIW, que não tinha nenhuma relação direta com a BrT. A Polícia Federal, após a Operação Chacal, em 2004, indiciou Dantas por formação de quadrilha em função da espionagem promovida pela Kroll. O processo judicial ainda está em curso.

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