Desempenho da Claro reduz receita da América Móvil no Brasil

As receitas da América Móvil no Brasil caíram 0,7%, totalizando R$ 8,954 bilhões no primeiro trimestre do ano, de acordo com balanço financeiro da controladora da Claro, Embratel, Net e Star One divulgado nesta quinta-feira, 28. Essa queda nas receitas se deve sobretudo nos serviços móveis, cuja queda foi de 8% no período em relação ao ano anterior, totalizando R$ 3,006 bilhões. A receita de equipamentos para a Claro também caiu: 22,4%, totalizando R$ 249 milhões. As receitas de voz recuaram 12,8% "após a redução de 35% na taxa de interconexão – que tiveram um efeito líquido positivo nos custos de interconexão – e como resultado de menor uso e desativação de clientes pré-pagos".

Por outro lado, as receitas com serviços fixos cresceram 3,5%, ficando em R$ 5,948 bilhões. A companhia não abre totalmente os números, mas afirma que houve aumento de 9,9% nas receitas de serviço de dados para banda larga fixa e 4,1% para receitas de TV por assinatura – no qual a companhia destacou "continuar a fazer incursões no segmento de vídeo on-demand". No total, a receita com serviços da AMX no País aumentou 0,3%, totalizando R$ 8,703 bilhões em março.

O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (EBITDA) aumentou 1,2% e encerrou o trimestre com R$ 2,357 bilhões. Isso representa 26,3% das receitas. Vale notar, entretanto, que, com a depreciação e amortização inclusas, o EBIT caiu 62,1%, ficando em R$ 147 milhões. Durante a teleconferência dos resultados, o CFO da América Móvil, Carlos García Moreno Elizondo, afirmou que isso ocorreu devido a uma alteração recente no serviço de TV paga: a atualização dos aparelhos agora é mais frequente. "Mudamos a política de depreciação dos set-top boxes: era de cinco anos, e agora é de três, e isso reflete mais no valor do hardware que estamos comprando", declara.

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Quando perguntado sobre a situação macroeconômica no Brasil, o CEO do grupo mexicano, Daniel Hajj, afirmou que está acompanhando das movimentações, mas que apenas mantém mais cuidado no planejamento. "Estamos ganhando market share na maioria dos mercados, estamos indo bem na TV paga, na banda larga fixa e no corporativo, acho. Estamos nos preparando para quando o Brasil se recuperar e (assim) para ter mais mercado lá", declara. Hajj reconhece que as condições fazem aumentar a dívida e as desconexões, contudo, avaliando que passará a ter "mais cuidado" com as ofertas. "No geral, a companhia tem uma estratégia muito boa, com fixo e móvel, estamos também fazendo cloud, aplicações, e mais no negócio de cloud no lado corporativo", destaca.

De fato, o CEO da América Móvil mencionou pouco o negócio móvel devido às quedas nas receitas. Mas o mix da Claro parece ter melhorado: a base total recuou 9,2%, totalizando 65,289 milhões de acessos, embora a queda tenha sido apenas no segmento pré-pago, com 13,6% (total de 48,420 milhões de linhas). O pós-pago aumentou no mesmo período 6,1%, totalizando 16,869 milhões de acessos. Há ainda mais minutos de uso (MOU): 129, um aumento de 38%. Isso não se reverteu em aumento da receita média por usuário (ARPU), que se manteve em R$ 14, apesar de a empresa registrar aumento de 2,5%. O churn cresceu 0,5 ponto percentual e ficou em 3,6%.

As unidades geradoras de receita (UGRs) de telefonia fixa, banda larga e TV paga totalizaram 36,876 milhões, aumento de 1,5%. Desse total, 8,4 milhões foram de banda larga fixa (8% de crescimento) e 16 milhões de acessos de TV por assinatura, incluindo 280 mil UGRs com a aquisição da Blue Interactive.

Internacional

A companhia aumentou a receita em 1,4%, totalizando 222,985 bilhões de pesos mexicanos (US$ 12,944 bilhões). Desse total, 32,1% ainda vêm de receita com serviço móvel de voz, embora o serviço de dados móveis esteja em patamar equivalente, com 30,7%. A receita com serviços em geral totalizou 194,303 bilhões de pesos (US$ 11,279 bilhões), aumento de 0,3%.

O EBITDA caiu 9,6%, total de 161,251 bilhões de pesos (US$ 9,360 bilhões). O lucro líquido caiu 41,7%, fechando o primeiro trimestre em 4,798 bilhões de pesos (US$ 278,5 milhões). A dívida líquida recuou 1,88% em relação a dezembro, ficando em US$ 33,172 bilhões. A relação dívida líquida/EBITDA ficou em 2x. A empresa afirma ainda ter investido 26 bilhões de pesos (US$ 1,509 bilhão), a maior parte para implantar 4G, expandir redes de fibra e aumentar capacidade nos países onde atua.

Na teleconferência, Daniel Hajj destacou que o aumento da competição no México com as novas regras da agência reguladora Instituto Federal de Telecomunicaciones (IFT, mas popularmente conhecida como Ifetel) acabaram por proporcionar uma guerra de preços no segmento móvel. Ele afirma que, mesmo brigando por market share, a infraestrutura da empresa no país acaba se traduzindo em diferencial, e que o uso tanto no serviço de voz quanto nos dados tem crescido. No entanto, a América Móvil espera novas definições da Ifetel para unbundling e para renovação da concessão de TV nos próximos meses. "Estamos aumentando a qualidade de nossos produtos e vamos ter boa posição de enfrentar esse ambiente competitivo", declarou. O executivo reclamou ainda da grande volatilidade do câmbio mexicano e brasileiro frente ao dólar, mas destaca que, mesmo assim, houve redução na dívida líquida. "A intenção é de reduzir (mais) 3 a 4 bilhões ainda esse ano", complementou o CFO da companhia, Carlos Elizondo.

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