As dificuldades da Anatel em atribuir e destinar as faixas de alta capacidade para as próximas gerações de serviços de dados não se restringem à faixa de 2,5 GHz, alvo de uma árdua disputa entre as TVs via MMDS e as operadoras móveis. Há obstáculos também na destinação da faixa de 3,5 GHz, fatia do espectro com grande potencial para as novas tecnologias sem fio assim como a de 2,5 GHz. Um dos problemas neste caso é que a experiência que já vem sendo feita com o WiMAX nessas frequências revelou um sério efeito colateral.
Técnicos constataram que a oferta de WiMAX em 3,5 GHz tem gerado interefência no serviço de TVRO, que consiste na transmissão de televisão via satélite. Essa oferta é de suma importância para um país com as dimensôes do Brasil, pois garante o acesso ao serviço mesmo em áreas rurais e remotas. Atualmente, o País tem mais de 18 milhões de antenas parabólicas funcionando via TVRO. Ou seja, uma fatia considerável dos brasileiros pode estar sofrendo interferências por conta do 3,5 GHz sem sequer ser cliente dos serviços de WiMAX.
Especialistas dentro e fora da Anatel têm o mesmo diagnóstico sobre o problema do ponto de vista técnico. A falta de implantação de alguns filtros estaria gerando os problemas na banda C, usada pela telefonia fixa, TVRO e outros tantos serviços via satélite. A diferença na avaliação dos técnicos está na aplicabilidade da solução. Enquanto a Superintendência de Radiofrequência e Fiscalização (SRF) e as empresas alegam que o assunto é de fácil solução, a Superintendência de Serviços de Comunicação de Massa (SCM) garante, nos bastidores, que o imbróglio não é tão simples de ser resolvido.
Em princípio, o processo deve voltar à pauta do Conselho Diretor na próxima semana. Mas, como a conselheira quer ir mais a fundo no caso, é possível que seja necessário um pedido de prorrogação do prazo de vistas, jogando a decisão do 3,5 GHz para 2010.