Aversão a telecom contamina bolsas em todo o mundo

A aversão a ações de telecomunicações atingiu todos os mercados do mundo nesta quarta-feira, 26. Desta vez, devido ao escândalo na contabilidade da operadora norte-americana de longa distância WorldCom, que controla a brasileira Embratel. As fraudes incluem o encobrimento de despesas da ordem de US$ 3,8 bilhões, que se transformaram em lucros artificiais. Trata-se, porém, de apenas mais um episódio de uma série que está abalando a confiança dos investidores. Uma pequena relação do site de informações econômicas Prudent Bear relaciona, somente nas últimas semanas, a Adelphia (em concordata), Alcatel (péssimos resultados) e Motorola (queda de dois níveis na avaliação de risco de crédito). Mais do que nunca, os analistas passaram a trabalhar com a hipótese de falência da WorldCom, cujas ações, que já chegaram a valer US$ 64, estavam cotadas a US$ 0,83 no momento que a sua negociação foi suspensa.

Também no Brasil

A mesma tendência de aversão ao risco de telecom se observa no Brasil, onde os BDRs da Telefônica e as ações da Tele Celular Sul foram as única exceções de uma baixa geral dos papéis do setor na bolsa nesta quarta-feira, 26. Estaria havendo uma migração para Petrobrás, Vale, VCP e Sadia, principalmente.

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Aqui, além do efeito geral da baixa atividade econômica sobre seus resultados, boa parte das companhias ainda padece da pressão da taxa de câmbio sobre suas dívidas em moeda estrangeira. As expectativas do mercado são de um dólar a R$ 3,00 até as eleições presidenciais de outubro. Dessa forma, as taxas de desconto embutidas nas estimativas de desempenho das empresas de telecomunicações – que giravam em torno de 14% há seis meses – já estão bem acima de 20%. Para que o preço de uma ação possa ser considerado baixo, bom para a compra, teria que projetar um P/L inferior a 5. Não há nenhuma empresa nessas condições. Das operadoras de telefonia fixa, por exemplo, os P/L giram em torno de 14. Suas holdings ficam entre 14 e 20. As celulares, em torno de 12. P/L é a relação preço/lucro e indicaria teoricamente o número de anos necessários para o retorno do investimento feito no papel da empresa. Ou seja: com base nesta relação, as ações das telecomunicações estão caras na bolsa.

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