Fiscalização aponta falhas graves na estrutura da Torre de TV Digital de Brasília

Em fiscalização realizada em 2014, o corpo técnico do Tribunal de Contas do Distrito Federal (TCDF) encontrou graves problemas na Torre de TV Digital de Brasília. Trata-se da primeira experiência de uma torre de TV digital compartilhada entre várias emissoras de televisão. Falhas no projeto e na execução da obra causaram danos que podem trazer prejuízo à segurança, à durabilidade e à qualidade da chamada Flor do Cerrado.

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O corpo técnico do TCDF apurou que o projeto não previu a captação e a drenagem das águas pluviais, especialmente nas passarelas de acesso às cúpulas (Bar e Exposições). A água das chuvas não tinha para onde escoar adequadamente, o que causou graves infiltrações. Havia indícios de corrosão da estrutura; sinais de oxidação da armadura de aço; além de trincas grandes na fachada, na cobertura e internamente; fissuras diversas nas rampas e por toda a obra.

Também foram identificados alagamentos internos, aumentando as infiltrações. Houve ainda dano ao funcionamento dos sistemas de esgotamento sanitário a vácuo e de ar condicionado, em face do indevido escoamento da água para essas tubulações.

Na inspeção realizada, o TCDF também apontou a baixa qualidade da obra, construída pelo governo do Distrito Federal. A Torre de TV Digital apresentava acabamento e funcionamento de alguns sistemas e instalações insatisfatórios. Havia fios expostos; vazamentos no sistema de descarga a vácuo e nas bombas d'água; calçadas de acesso remendadas; grandes rachaduras no piso; significativas imperfeições no acabamento de pintura em diversos locais; inclinação da rampa lateral de acesso com caimento para fora; defeitos graves no acabamento dos banheiros (fixação do espelho com adesiva, pedras manchadas e o revestimento das portas soltando); sistema de alarme de incêndio desligado por falta de sensores, que foram furtados; carpete descolando; vidros e portas rachados; entre outros.

Idealizada por Oscar Niemeyer, a torre foi inaugurada em 21 de abril de 2012, mesmo estando incompleta, mas foi fechada para a visitação em 4 de outubro de 2013. A construção da torre foi orçada inicialmente em R$ 64 milhões, mas custou, no final, R$ 76,2 milhões.

Reparos

O presidente do TCDF, conselheiro Renato Rainha, se reuniu com o secretário de Infraestrutura e Serviços Públicos, Julio Cesar Peres; o secretário-adjunto da Sinesp, Maurício Canovas; o diretor de Edificações da Novacap, Márcio Buzar; e auditores do TCDF que fiscalizam a construção. O objetivo foi apresentar o resultado da inspeção de 2014 e fazer um esforço conjunto para tornar a Torre de TV Digital um monumento adequado, confortável e seguro para a visitação. "Nós queremos evitar prejuízos à sociedade, ao turismo de Brasília e aos cofres públicos”, afirmou o presidente do TCDF.

Na reunião, os representantes da Secretaria de Infraestrutura e Serviços Públicos (antiga Secretaria de Obras) e da Novacap, órgão do GDF responsável pela execução da obra,  afirmaram que o piso da área de acesso está sendo refeito, com a substituição das placas de concreto trincadas. Eles também apresentaram as medidas que já foram tomadas para solucionar os problemas de drenagem pluvial, do sistema de ar condicionado e de combate a incêndio. "A nossa preocupação maior é com a segurança. Há uma semana regularizamos o sistema de combate a incêndio. Agora, falta o teste do Corpo de Bombeiros. Depois disso, vamos ver a questão da acessibilidade, que não foi contemplada no projeto", disse o diretor de Edificações da Novacap.

O Governo do Distrito Federal não pode contratar a manutenção da edificação, uma vez que a obra ainda não foi recebida definitivamente, ou seja, ainda não pertence ao seu patrimônio legalmente. Ela encontra-se apenas com recebimento provisório desde 31 de maio de 2012. A Sinesp anunciou que está saneando as falhas apontadas junto ao Consórcio Construtor Mendes Júnior/Atrium, responsável pela construção da Torre de TV Digital. "Vamos concluir os reparos em 15 dias e aí faremos uma vistoria juntamente com a Novacap e o TCDF", afirmou o secretário de Infraestrutura e Serviços Públicos.

Outras grandes obras do Distrito Federal foram citadas no encontro. A Novacap afirmou que criou uma unidade própria para monitorar a manutenção dessas obras especiais, como o Estádio Nacional de Brasília Mané Garrincha. Em relação às futuras obras, a Sinesp planeja fazê-las com tempo suficiente para a elaboração adequada dos projetos. "É essa atitude que vamos tomar, por exemplo, na construção do viaduto de Taguatinga. Só vamos iniciá-lo depois que o projeto executivo estiver pronto, detalhado e revisado", ressaltou o secretário-adjunto de Infraestrutura.

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