Inquérito investiga tecnologia de reconhecimento facial do Facebook

Em investigação conduzida pela Comissão de Proteção de Dados Pessoais, o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) instaurou na última sexta-feira, 20, inquérito civil público para analisar a legalidade da tecnologia de reconhecimento facial de usuários e não usuários do Facebook. O MP estabelece como premissa que a identificação de rostos é considerada um "dado pessoal sensível na modalidade dado biométrico" e afirma haver pesquisas que indicam que a tecnologia atual é capaz de identificar a orientação sexual da pessoa.

Além disso, diz que o reconhecimento possui maior precisão para indivíduos de pele branca, e não aos de pele negra, citando uma pesquisa do Laboratório de Mídia do Instituto de Tecnologia de Massachussets publicada em artigo do New York Times em fevereiro. "Dessa forma, é possível que essas informações sejam usadas para fins de discriminações veladas ou expressas para recrutamento de candidatos para vagas de emprego, filiação a entidades, participação em organizações religiosas, entre outros", conclui o órgão.

O Facebook foi endereçado porque utiliza técnicas de reconhecimento facial com as justificativas de sugerir marcações em fotos, de "ajudar a proteger" o usuário ao impedir que desconhecidos utilizem sua foto, e de informar pessoas com deficiência visual quem está na foto ou vídeo. A rede social alega que o usuário pode controlar o reconhecimento por meio da configuração de privacidade, mas ativa o recurso por padrão.

Notícias relacionadas

O MPFDT declara ainda como considerações que agências de segurança estatais "ao redor do mundo" já utilizam o reconhecimento facial para "identificação e vigilância dos cidadãos". E que, por isso, o International Committe for Robot Arms Control (Icrac) produziu uma carta aberta direcionada à Amazon repudiando o uso dessas ferramentas. Nesse documento, assinou o coordenador da Comissão de Proteção de Dados Pessoais do Ministério Público, o promotor Frederico Meinberg.

Outras aplicações

O inquérito é assinado pelo promotor Frederico Meinberg Ceroy, coordenador da Comissão de Proteção de Dados Pessoais do Ministério Público do DF, e apesar de citar a carta aberta do Icrac à Amazon, apenas endereça o Facebook. Vale lembrar, contudo, que o Google conta com recurso semelhante para sugestão de marcação de contatos no aplicativo de armazenamento de imagens Google Fotos. Além disso, a concessionária de metrô de São Paulo, a ViaQuatro, anunciou em abril implantação da tecnologia em portas da Linha 4 para efetuar contagem de usuários e identificar reação às publicidades e informações.

Por sua vez, na semana passada, o Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) anunciou lançamento de tecnologia de reconhecimento facial com a justificativa de prevenção a fraudes no comércio. Afirma que a captura seria feita nos estabelecimentos comerciais e conectada a um banco de dados da entidade para "leitura detalhada" da informação biométrica, que é anexada ao cadastro da pessoa e arquivada para cruzar dados em busca de "padrões registrados para verificar sua autenticidade". A expectativa do SPC Brasil é de completar 3 milhões de faces cadastradas apenas no primeiro ano de operação.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui
Captcha verification failed!
CAPTCHA user score failed. Please contact us!