Yahsat planeja flexibilidade de negócios e redução de custos para atacado e varejo em 2017

Com licença entregue pela Anatel em março e previsão de início de operações em meados de 2017 – o lançamento do satélite Al-Yah 3 deverá ocorrer no início do ano que vem -, a operadora dos Emirados Árabes Unidos Yahsat (uma subsidiária integral da Mubadala Development Company, veículo de investimento do governo de Abu Dhabi) pretende atacar em duas frentes no mercado brasileiro: atacado e varejo. O projeto todo conta com investimento de US$ 200 milhões, que incluem dois teleportos nas cidades de Hortolândia e Jaguariúna, interior paulista. Como explicou a este noticiário o diretor de vendas e atacado da Yahsat no Brasil, Jeferson Almeida, "o modelo de negócios que estamos propondo ao Brasil é o que entendemos ser o mais flexível possível".

A companhia atua também com atacado na África, mas diz que o modelo a ser utilizado no Brasil será diferente por ser mais maduro. A ideia da operação brasileira é oferecer acesso a parceiros, além da possibilidade de usar a estrutura para que eles mesmos vendam essa conexão.

Operadoras de serviço móvel estão na mira da Yahsat, que já anunciou conversas formais com a TIM para oferecer backhaul em regiões afastadas. Essa negociação continua por conta da complexidade da operação e do acordo, segundo Almeida, mas a empresa conversa com todas as operadoras. "A TIM é um excelente caso de wholesale, porque é uma operadora que tem estrutura de satélite bem madura, tem bastante know-how de satélite dentro de casa, então estão aptos a usar (o satélite) para atender às demandas internas da própria engenharia", destaca

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Provedores de Internet (ISPs) também estão na mira da companhia árabe, mas não necessariamente no mercado de pequenos. "Tendem a ser de médio para grandes provedores, um pouco mais robustos, até pela própria especificidade do que estamos oferecendo e a disponibilidade de eles poderem comprar e distribuir no local."

Sem problemas para as teles

Um problema recorrente das soluções atuais de backhaul para operadoras é a latência. Jeferson Almeida justifica que, embora o fenômeno exista, atualmente é menos relevante do que há três anos. "O que mudou na verdade é o tipo de conectividade feito pelas células: quando vinha de ambiente 2G e 3G era dominado por serviços de voz e era mais perceptível. Hoje, nós migramos para o ambiente absolutamente dominado por dados, o 4G, e nele as implicações da latência são menores; na verdade a situação melhorou muito." Segundo o diretor de vendas, entre 95% e 98% das aplicações usadas em celulares não são afetadas pelo fator.

Ele acredita ainda que a chegada da banda Ka vai acabar tendo impacto no custo. Na visão do executivo, operadoras só consideram o backhaul por satélite como infraestrutura temporária atualmente por conta do preço atual. "Com as novas tecnologias e a entrada da banda Ka, o custo cai significativamente, então pode ser que esteja abrindo novo mercado", analisa.

Venda ao consumidor

Para o varejo, a aposta será em vendas diretas utilizando a própria marca da Yahsat, a "Yahclick", explorando não apenas a cobertura em 95% da população brasileira, mas a facilidade de implantação nas residências, com "a rapidez de instalar o DTH". Almeida diz ainda que o produto oferecido não terá custo proibitivo. "Há parte da população que pode pagar, como em locais a 70 km de São Paulo, mas que não têm qualidade ou velocidade boa na conexão", diz. Mas complementa: "Vamos lutar muito para o preço ser mais baixo".

O diretor da Yahsat no Brasil, Márcio Tiago, explica que, mesmo com a crise econômica atual no País, o mercado de varejo ainda conta com grande demanda não atendida. Para ele, mesmo com a situação financeira mais difícil, a demanda teria diminuído, mas não tanto. "Não vou dizer que a gente não sofreu impacto, mas de certa forma, (a crise) ajuda a endereçar nossa oferta no mercado brasileiro", declara, embora ressalte que esse efeito é ainda maior no atacado. Além disso, esperam que, até a metade do ano que vem, quando o Al-Yah 3 começar a operar comercialmente, o cenário econômico já esteja melhor.

A distribuição da operação seguirá a cobertura: o satélite chega a toda a região Sul e "grande parte do Nordeste", por exemplo, e a transmissão não pode ser migrada para outro local. "Como a capacidade é baseada em spot beam, ou seja, são feixes, cada feixe tem seu número de assinantes, não posso migrar", explica. O artefato ficará posicionado em 20º Oeste e terá carga total de 60 spot beams de banda Ka.

Futuro

Para além de 2017, a YahSat planeja expandir para outros mercados na América Latina, a depender do desempenho no Brasil. "Temos agora só no Brasil porque tem grande representatividade na região, mas é um país com uma língua só, com arcabouço regulatório bem formado, então vamos primeiro aqui, mas a gente não pretende parar", declara Márcio Tiago.

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