Os mais recentes dados da Anatel sobre telefonia móvel no Brasil, referentes ao primeiro trimestre, estão reforçando entre analistas de mercado os prognósticos de que a taxa de crescimento do setor, em termos de novos usuários, tende a se desacelerar já a partir do primeiro trimestre de 2005. Isso porque os percentuais de penetração de celulares (29,3 acessos por 100 habitantes) estão caminhando rapidamente para os níveis internacionais de arrefecimento (entre 40% e 50%), a partir dos quais o processo de novas adições é bem mais lento e custoso.
De janeiro a maio, o número de celulares ativos cresceu 13%, de 46,37 milhões para 52,4 milhões. Mas é na densidade que se vê o pulo. Saltou mais de três pontos percentuais no período, de 26,22 para 29,26 por 100 habitantes, numa média mensal de 0,608 ponto percentual. No ano passado, no mesmo período, o crescimento da taxa de penetração era 0,25 ponto ao mês, começando a acelerar-se apenas a partir de agosto.
Quando se alcança os 25% – o que aconteceu entre novembro e dezembro de 2003 ?, a tendência mundial é de aceleração. Isso, como lembra Jacqueline Lison, da Fator Corretora, por um acúmulo de exposição do produto ao público, principalmente pelo aumento da concorrência, da publicidade e do próprio efeito do uso mais freqüente pela população. Torna-se um fenômeno cultural, em que o celular passa a ser uma necessidade e por isso vende mais.
Situação regional
O certo, porém, é que entre as três praças que já ultrapassaram a marca de 40% (Rio de Janeiro, Brasília e Porto Alegre), apenas o Rio está verdadeiramente perdendo impulso, dentro dos padrões. Em maio, o Estado tinha 46,97 acessos por 100 habitantes. O crescimento nos primeiros cinco meses do ano ficou abaixo da média nacional (4,5%) e a taxa de penetração evoluiu apenas 1,57 ponto percentual (0,314 ao mês). O Rio Grande do Sul (densidade de 44%) cresceu apenas um pouco abaixo da média (11%), mas, em compensação, a penetração aumentou quase quatro pontos. E o Distrito Federal, o verdadeiro fenômeno da telefonia móvel, não apenas teve um crescimento de novos usuários superior à media nacional (13,8% no ano), como deu um salto de mais de oito pontos na taxa de penetração, alcançando nada menos que 80,33 a cada 100 habitantes). Brasília está completamente fora de padrão.
Regra furada?
Os analistas acreditam que os dados não indicam que o Brasil contradirá o padrão internacional de penetração de celulares. A maioria dos mercados está dentro dos números normais. Certamente o esgotamento mais rápido será os do Sul e do Centro-Oeste, havendo ainda espaço para São Paulo e Minas Gerais. De qualquer forma, a situação ainda deve se complicar com uma nova onda de competição, após o leilão de novas licenças para a banda E.
A competição mais feroz deve se desenvolver na Região Sul, principalmente se for confirmada a entrada da Brasil Telecom na telefonia móvel ? o que é previsto para agosto, segundo a empresa. Dos três Estados, apenas o Paraná ainda está um pouco baixo da densidade média nacional (28,23%). Note-se, porém, que há fortes campanhas das operadoras já instaladas, provocando altas taxas de crescimento do acesso no mercado paranaense (20% no ano), com acelerado aumento da taxa de penetração.