América Móvil não 'morreu de felicidade' com leilão 5G no Brasil, diz Félix

Diante do leilão do 5G previsto para o primeiro trimestre de 2020, o CEO da Claro Brasil (controladora da Claro, Embratel e Net), José Félix, avaliou que "ainda há muita coisa para se entender" sobre as condições do certame, como o que significa um leilão não arrecadatório aos olhos do regulador. E apesar de o grupo mexicano América Móvil não ter encarado com bons olhos a necessidade de novos investimentos, a presença da empresa no processo é certa.

"Falamos com nosso acionista, porque o dinheiro do leilão não estava previsto. O acionista não morreu de felicidade [com o cronograma definido], mas se sair o leilão nós teremos que entrar", declarou Félix em apresentação realizada durante o Painel Telebrasil, que começou nesta terça-feira, 21.

De acordo com o CEO, a aquisição da Nextel não significa que a Claro Brasil deva assumir postura menos agressiva no certame. "Não adquirimos a Nextel por causa das frequências. Elas vieram junto e foram avaliadas do ponto de vista de valor, mas a aquisição foi muito mais estratégica por se tratar de operadora interessante com base e receita interessante. Foi um bom negócio".

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Por último, Félix ainda fez uma provocação na qual sinalizou que as frequências leiloadas no ano que vem também podem ser utilizadas para outros fins que não a tecnologia de quinta geração. "Está escrito em algum lugar que o leilão é só para o 5G?", questionou. "Ele é um leilão de frequências. Se eu quiser usar para 2G ninguém vai me impedir". É importante ressaltar que os editais da Anatel são agnósticos em relação à tecnologia, mas há um entendimento de que são espectros destinados às demandas das tecnologias mais atuais com base na proposta de uso mais eficiente de espectro. Logicamente, o investimento na frequência é relacionado à possibilidade de retorno para as teles.

Tanto há disposição com a nova tecnologia que José Félix disse considerar o efeito do 5G sobre as redes fixas. "A velocidade das transformações é tão grande que na Claro nem terminamos de ampliar a cobertura de rede fixa em algumas cidades de menor porte e já nos questionamos se o 5G não teria melhor custo-benefício para essa finalidade. [Considerando] o custo de fibrar uma cidade, o problema dos postes, começamos a fazer esses questionamentos mal tendo começado a sair dos grandes centros".

Ciclo de produtos

O encurtamento cada vez mais veloz dos ciclos de produtos em telecomunicações é outra das questões que tem preocupado a empresa. O executivo afirmou que o setor precisa de "permissão para testar e errar rapidamente" diante das transformações enfrentadas pela indústria.

"Os ciclos de produtos são cada vez mais curtos. Por isso as receitas e base de clientes caem do céu à terra rapidamente", prosseguiu o CEO, citando serviços já legados como SMS, MDS, trunking e até mesmo chips de banda larga móvel (para tablets ou em dongles) como linhas de receita que "assim como surgem, desaparecem". "O futuro será completamente diferente, então permissão para testar e errar rapidamente serão fundamentais. As regras atuais são duras, pouco flexíveis e não deixam espaço para o Brasil digital. É preciso se adequar".

Ao mesmo tempo que compartilhou tal visão, Félix também questionou o uso da Internet para distribuição de vídeo; segundo ele, o segmento "opera totalmente sem controle e coloca em risco o futuro da produção profissional e sua distribuição". "Se por um lado temos essa legislação frouxa e permissiva que dá corredor livre à pirataria, no extremo oposto, a neutralidade de rede não permite intervenção dos provedores de infraestrutura". Vale lembrar que a Claro Brasil questionou na Anatel o modelo de venda direta praticado por alguns canais de TV paga.

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