Tanure acusa credores e fundos abutres de manipular governo a intervir na Oi

Foto: pixabay.com/pexels.com

[Atualizada às 15h05] O fundo Société Mondiale, do empresário Nelson Tanure, divulgou nesta sexta, 27, comunicado desmentindo informações de que estaria tentando dissolver a diretoria da Oi, o que teria levado a Anatel a considerar uma intervenção imediata na companhia durante a quinta-feira, 26 (e depois descartada). No texto, ele elenca pontos principais do plano de recuperação apresentado pela empresa, afirmando que a operação melhorou "em todos os indicadores" e serviços, além de melhora na posição financeira. E que, portanto, tem convicção que o plano será aprovado na Assembleia Geral de Credores do próximo dia 10 de novembro.

Segundo o comunicado, esses pontos apresentados são "evidências que refutam a invenção espalhada por uma barulhenta minoria de fundos abutres, especializados em sufocar governos nos seus momentos de crise (como na Argentina) e lucrar ao pedir a quebra de empresas em que eles abordam, inclusive como fazem atualmente com a Petrobras". O fundo afirma ainda que esses credores estariam "pedindo, insistentemente, a falência e bancarrota da Oi na Justiça" ao tentar manipular o governo para levar a uma intervenção na companhia. "Serão derrotados", afirma.

O fundo diz ainda que a dívida com a Anatel será objeto de proposta que será apresentada pelo grupo de trabalho sob coordenação da advogada-geral da União, ministra Grace Mendonça. "Temos confiança plena de que chegaremos a um acordo que atenda às demandas da Anatel e dos bancos públicos e preserve a solidez financeira e operacional da Companhia", conclui a nota.

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Bondholders em diálogo

Também nesta sexta-feira, um comunicado conjunto dos Comitês Diretivos do International Bondholder Committee e Ad Hoc Group of Oi Bondholders (representados pela G5/Evercore) informou que, "após duas semanas de produtivas discussões com a Companhia, eles estenderam seus respectivos acordos de confidencialidade com a Companhia a fim de dar continuidade às discussões". O grupo de credores – o mesmo a quem Tanure acusa de tentar levar a Oi a uma intervenção – afirma que durante os dias 18, 19, 20, 23 e 24 de outubro, reuniram-se com a "alta administração" da empresa junto com assessores de grupos de agência de crédito de exportação, facility agencies e bancos representados representados pela FTI Consulting. A reunião, que teria acontecido em Nova York, teria rendido "discussões produtivas" a respeito de "possíveis termos de uma reestruturação para o Grupo Oi".

O grupo de credores afirma que o "diálogo construtivo" com a companhia permitiu que fossem apresentadas modificações do plano a um "term sheet" relativo "a plano(s) alternativo(s) para a reestruturação do Grupo Oi capaz(es) de reunir amplo apoio dos credores e fornecer à Companhia suficiente dinheiro novo através de plano(s) implementável(is) e viável(is)" – a alternativa plural é do próprio comunicado. Essas modificações, alegam, proporcionariam solução de mercado viável para a desalavancagem da Oi. 

Confira os dois comunicados abaixo na íntegra.

 

COMUNICADO

 O fundo Société Mondiale investiu na Oi no início de 2016, acreditando no seu enorme potencial de recuperação. A Cia. atravessava um período difícil, mas desde então só fez se fortalecer. Sua operação melhorou em todos os indicadores, desde a prestação do serviço fixo, móvel, banda larga, TV e atendimento ao consumidor. Sua posição financeira praticamente dobrou, chegando a cerca de R$ 8 bilhões. O momento de superação dessa fase está muito próximo, e o SM tem a convicção de que o Plano de Recuperação Judicial, apresentado pela Oi e protocolado na Justiça, será aprovado em Assembleia Geral de Credores e permitirá o retorno da empresa a seu devido lugar: a liderança do ranking das empresas de telecomunicações do país.

 O Plano é o resultado de mais de 10 meses de estudos e negociações entre Credores e a Oi. Permitirá a diminuição drástica do seu endividamento, reduzindo R$ 40 bilhões de sua dívida, saindo de cerca de R$ 65 bilhões para menos de R$ 25 bi, e o remanescente será de longo prazo e com carência.

 A Oi também terá uma capitalização de R$ 9 bilhões, dos quais R$ 6 bilhões de injeção de dinheiro novo e R$ 3 bilhões em conversão de dívida em capital. Considerando a posição atual de R$ 8 bilhões, a Oi será uma das companhias mais robustas do país, com um caixa em torno de R$ 14 bilhões. A Oi poderá aumentar seus investimentos em 30% a mais em relação aos anos anteriores, prova de uma nova realidade financeira e operacional.

 O Plano também oferece tratamento justo para as empresas que sempre apoiaram a Oi por meio de financiamentos e prestação de serviços, e ainda contará com a entrada para o capital da Companhia daqueles credores que se dispuserem a participar. No final, os credores financeiros terão uma participação entre 50% e 60% da Oi recuperada, enquanto os atuais acionistas serão diluídos para uma participação de 40%, porém de uma Oi forte.

 No contexto de recuperações judiciais no Brasil, o da Oi será um exemplo de uma Companhia que conseguiu se reerguer de forma robusta. Temos convicção de que a Assembleia de Credores, marcada para o dia 10 de novembro, será exitosa.  Mais de 25 mil credores já fecharam acordos com a Oi e uma parcela significativa  dos investidores de bonds estrangeiros já se dispôs a participar desta capitalização recorde de R$ 6 bi da Oi.

 Os créditos públicos (Anatel/AGU) serão objeto de proposta a ser apresentada pelo grupo de trabalho criado pelo Exmo. Sr. Presidente da República, Michel Temer, sob a coordenação da Advogada-Geral da União, Ministra Grace Mendonça. As agências exportadoras de crédito e os bancos brasileiros terão preservado o valor original dos seus créditos, acrescido de juros.

 Estas são evidências que refutam a invenção espalhada por uma barulhenta minoria de fundos abutres, especializados em sufocar governos nos seus momentos de crise (como a Argentina) e lucrar ao pedir a quebra das empresas em que eles abordam, inclusive como fazem atualmente com a Petrobras. Esses mesmos credores estão pedindo, insistentemente, a falência e bancarrota da Oi na Justiça. Tentam manipular o governo a intervir e desrespeitam as leis do Brasil.  Serão derrotados.  

 Temos confiança plena de que chegaremos a um acordo que atenda às demandas da Anatel e dos bancos públicos e preserve a solidez financeira e operacional da Companhia. A Oi será motivo de orgulho – para credores, acionistas, funcionários e os milhões de brasileiros beneficiados pelos seus serviços.

FUNDO SOCIÉTÉ MONDIALE

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GRUPOS DE CREDORES OI SE ENVOLVEM EM NEGOCIAÇÕES PRODUTIVAS COM A ALTA ADMINISTRAÇÃO

 

Nova York, NY, 27 de outubro de 2017 – Os Comitês Diretivos do International Bondholder Committee e Ad Hoc Group of Oi Bondholders (em conjunto, "Grupos de Credores Oi"), da Oi S.A. e suas afiliadas (em conjunto, "Companhia" ou "Grupo Oi") anunciam que após duas semanas de produtivas discussões com a Companhia, eles estenderam seus respectivos acordos de confidencialidade com a Companhia a fim de dar continuidade às discussões.

Nos dias 18, 19, 20, 23 e 24 de outubro de 2017, os Grupos de Credores Oi, juntamente com assessores do
 grupo de agências de crédito de exportação, facility agencies e bancos (ECAs) representados por FTI Consulting que são credores de certas entidades do Grupo Oi , se reuniram na cidade de Nova Iorque e se engajaram em discussões produtivas com a alta administração da Companhia a respeito de possíveis termos de uma reestruturação para o Grupo Oi.

Estes vários dias de diligência e diálogo construtivo com a alta administração da Companhia permitiram que os Grupos de Credores Oi e representantes dos ECAs apresentassem modificações a um "term sheet" relativo a plano(s) alternativo(s) para a reestruturação do Grupo Oi capaz(es) de reunir amplo apoio dos credores e fornecer à Companhia suficiente dinheiro novo através de plano(s) implementável(is) e viável(is).

Além disso, tais potenciais modificações proporcionariam uma solução de mercado e viável para a adequada desalavancagem da Companhia, possibilitando que a Companhia saia rapidamente da recuperação judicial como uma concorrente forte e independente.

 

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