Para operadoras, mercado vive momento ruim; transformação digital traz oportunidades

O clima entre as operadoras de telecomunicações percebido no último Painel TELEBRASIL foi repetido esta semana na Futurecom, em São Paulo. Para as empresas, o setor passa por um momento especialmente complicado do ponto de vista de crescimento e rentabilidade. "As receitas das teles não crescem há muitos, muitos trimestres, e há um problema de renda. Qualquer um que saiba somar, subtrair e fazer o sinal de igual pode perceber isso", disse José Félix, presidente do grupo Claro Brasil. Para ele, o mercado se tornou hoje um "jogo de robamonte", em que uma operadora tira cliente da outra.

Marco Schroeder, presidente da Oi, vai na mesma linha: "a Oi é um exemplo concreto. Não conseguimos gerar dentro da operação recursos para remunerar capital de terceiros para a operação. A legislação foi envelhecendo. O momento da indústria é muito ruim. Temos que enfrentar", disse. Para ele, a legislação setorial conseguiu sobreviver por 20 anos. "Não conseguimos passar para a sociedade que o mundo mudou". Stefano de Angelis, presidente da TIM,brincou: "sempre que há problemas temos muitas oportunidades, e no Brasil temos muitas oportunidades, porque temos muitos problemas".

O problema central das operadoras é que parece não haver nenhum movimento no sentido de reverter esse quadro. Há anos se fala na queda das receitas com serviços tradicionais, do custo de implementação das redes banda larga em face à forte demanda, da competição com empresas de Internet, dos problemas e anacronismos no modelo político-regulatório do setor, da carga tributária. Mas com a prolongada recessão econômica e a falta de qualquer mudança no quadro regulatório e tributário, os problemas que já eram crônicos se intensificaram, na visão das empresas.

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Para Leonardo Euler de Morais, conselheiro da Anatel, "o modelo atual é uma âncora, por mais inovadora que tenha sido a LGT em seu tempo". Segundo ele, é preciso rever vários aspectos da regulamentação, como a gestão de espectro, para a nova realidade que se apresenta de transformação dos produtos, empresas e serviços. "Faz sentido ter meta de qualidade para TV paga e SMS, que enfrentam concorrência de serviços de Internet?", pergunta.

Outro problema é o número de competidores no mercado. José Félix, em conversa com jornalistas depois de sua participação no painel, disse que o mercado tem muitos provedores de infraestrutura na maior parte das cidades. "Há cidades que temos quatro ou cinco e não caberia nem mesmo um", diz ele. O caminho, diz, é um processo de consolidação entre as empresas, "e onde não tem viabilidade nem para um, aí é preciso alguma ação do Estado"., disse o presidente da Claro Brasil.

Transformação

As operadoras entendem que o momento de transformação digital, contudo, por mais desafiador que seja o cenário econômico, não deve ser ignorado.
As operadoras veem uma oportunidade de investirem em atendimento digital, canais de relacionamento digital, vendas digitais e pacotes 100% digitais, assim como a otimização e digitalização de processos internos para a redução de custo. "Mas precisamos lembrar que hoje se quisermos oferecer um pacote 100% digital para o nosso consumidor não podemos, pois existem restrições regulatórias", diz de Angelis, da TIM.

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