Regras deixam MVNOs "parecidas demais" com tele tradicional, reclama Porto Seguro

Dentre as várias empresas que contribuíram na recente consulta pública sobre a revisão dos modelos de telecomunicações, a Porto Seguro foi uma das únicas a sugerir novas regras para operadoras móveis virtuais (MVNO). Com sua própria operação Porto Seguro Conecta, a empresa é uma das poucas com licença de autorizada no País, e a única até o momento que atua com o usuário final, utilizando a rede da TIM. Ela sugere regulamentação "mais simples e eficiente", sobretudo em questão de obrigações. "A gente percebe que nos parecemos demais com uma operadora tradicional, enquanto deveríamos ser diferentes", declarou o superintendente da Porto Seguro Conecta, Tiago Galli, a este noticiário.

Segundo explica o executivo, a regulação trata as MVNOs dessa forma por conta de obrigações de POP, acordos de interconexão e números de celulares para vender chips em outras cidades e estados. "Todo o desenrolar de uma rede que deveria ser virtual, mas não é. Então eu tenho interconexão local em todos os mercados que atuo, como São Paulo, Rio de Janeiro e Vale do Paraíba, mas aí eu começo a ser mais como operadora, com POP local e link", diz. "A gente deveria gastar zero de tempo com isso e (em vez disso) buscar inovação para o consumidor."

Ele afirma que a companhia já atingiu mais de 50 mil assinantes com o Porto Seguro Conecta – segundo dados da Anatel referentes a dezembro, a empresa contava com 351.566 acessos (incluindo máquina-a-máquina), ou 55.392 acessos (no relatório mensal da agência, aparecem com a tecnologia GSM, mas a companhia oferece conexão em 3G e 4G) – e que, por isso, há obrigações relacionadas à Entidade Aferidora de Qualidade (EAQ) que são "limitantes à entrada" de novos players. Galli cita como outro exemplo a necessidade de call center 24h nos sete dias da semana. "Para a gente faz sentido, mas imagina se uma MVNO fosse literalmente virtual (em atendimento)? Não conseguiria crescer."

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O executivo vê o mundo das MVNOs no Brasil ainda pequeno, e isso é um dos problemas. E há ainda a concorrência com as over-the-top (OTTs). "Nossa contribuição foi muito mais no sentido de reduzir e repensar as obrigações, pensando em que estamos caminhando para um mundo completamente diferente, com aplicativos fazendo a mesma coisa que uma operadora", justifica. Galli compara a proporção das virtuais no País com a do mercado internacional, onde chegam até a 10% de marketshare, segundo ele

Na consulta, a operadora virtual sugeriu ainda "reavaliação da legislação para prever possibilidade de parcelamento do TFF e TFI para diluir o impacto financeiro" e também a desoneração e desregulação. Recomenda ainda reavaliar os fundos e impostos cobrados, como Fust, FUNTTEL e ICMS, entre outros.

A Porto Seguro Conecta enviou a contribuição diretamente à Anatel na consulta pública. Além disso, mantém reuniões formais para estabelecer diálogos sobre regulamento geral de interconexão e regulamento de MVNOs, para "simplificar o modelo e cadeia produtiva como um todo".

Desempenho

Tiago Galli avalia que 2015 foi um ano bom para a MVNO, considerando que a empresa afirma ter expandido seu serviço, que passou a contar com roaming nacional e LTE. "Triplicamos a base em 2015 e esperamos dobrar em 2016", disse ele. Ou seja: isso significaria fechar o ano com cerca de 150 mil acessos.

2 COMENTÁRIOS

  1. Acho engraçado ler que a rede da Porto Seguro é a da Tim, tinha problemas terríveis com a Tim e agora na Porto Seguro estou usando muito bem e pagando menos, paguei para ver e não me arrependi, alguém explica?

  2. Felipe,
    Como o Tiago Galli comenta, a Porto Seguro Conecta possui Interconexões locais em todos os mercados que atua, assim o encaminhamento de chamadas fica diferente da TIM.
    A Porto Seguro Conecta utiliza as antenas (Radio Access Network) da TIM, mas o núcleo da rede é todo da Conecta. Creio que a diferença que vc percebe na qualidade do serviço se explique desta forma!

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