Para analistas, TIM é penalizada por mudança de foco

É verdade que praticamente todo o setor de telecomunicações acabou indo mal na Bolsa nesta quarta-feira, 21, por força do rumores vespertinos (não confirmados) de alta da taxa Selic. Mas as ações da operadoras da TIM já vinham perdendo valor desde antes, quando o mercado estava quase estável, porque analistas e investidores não gostaram dos resultados trimestrais da empresa-líder do grupo, a Tele Celular Sul Participações. Ficou patente que a companhia italiana mudou seu foco da rentabilidade (qualidade do cliente) para o tamanho da base, provavelmente mordida pela concorrência.
Às 17 horas, todos os papéis do grupo estavam em queda mínima de 4%: no caso das PN, TIM Sul (-4,49%), Tele Nordeste Celular (-4,53%) e Tele Celular Sul (-4,16%)

Subsídios ruins

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O que pegou mal não foi o crescimento da base de assinantes ? que ainda continuou forte em relação ao segundo trimestre de 2003 tanto na Tele Celular Sul (34%). Ocorre, porém, que a qualidade desse crescimento passa a ser duvidosa, uma vez que se faz às custas de um grande aumento de despesas com subsídios de aparelhos e propaganda genérica. A Tele Celular Sul teve no segundo trimestre queda de Ebitda (ficou em R$ 85 milhões), e de lucro líquido (R$18 milhões), de 21% e 44,3% respectivamente e, relação ao período de janeiro a março. A margem caiu de 34% para 25%.
"O crescimento da planta (usuários) deverá continuar aquecido nos próximos dois trimestres, declinando naturalmente a partir de 2005, quando a empresa deverá retomar seu foco original de crescimento com rentabilidade", afirmou a analista Roberta Kosaka, do Banco Brascan, em relatório. "Podemos esperar para os próximos trimestres pressão contínua sobre as margens operacionais", acrescentou.
Na Tele Nordeste Celular, a situação foi um pouco pior porque, além de queda de Ebitda, margem e lucro, a base de clientes cresceu abaixo da média brasileira (a empresa perdeu mercado).

Descontentamento

Analistas ouvidos por TELETIME News nesta quarta-feira acreditam que o descontentamento dos investidores em relação ao grupo TIM é anterior mesmo à divulgação dos resultados. Vem da forma escolhida para a estruturação do grupo sob o guarda-chuva da Tele Celular Sul na base de uma ação Tele Nordeste por 0,9261 da Celular Sul, tanto nas preferenciais (PN) quanto nas ordinárias (ON). Essa relação de troca foi considerada ruim para os portadores de papéis da Tele Nordeste Celular. A Fator Corretora achava, por exemplo, pelo preço-alvo das duas no final de maio, que o correto seria um por um. Para o Banco Espírito Santo, também naquela ocasião, a relação cerca seria de uma TNEP por 0,9577 da TCSL. Só aí se vê que o cálculo de perda para os acionistas pode variar de 3,5% a 7,4%.
Não é por outro razão que, do anúncio da reestruturação (31 de maio) até agora, a TIM Sul caiu mais de 5% e a TNEP mais de 8%, contra alta do Ibovespa de 11% e Itel de 9,5%. ?É a reprovação silenciosa do mercado?, resumiu o analista setorial do Banco Safra.

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