Animec diz que fixas perderam R$ 14,6 bilhões em 2003

A Associação Nacional de Investidores do Mercado de Capitais (Animec) e a Stern Stewart & Co. divulgaram nesta terça, 8, um estudo tentando comprovar a tese de que as empresas de telefonia fixa teriam acumulado perda de R$ 14,6 bilhões em 12 meses em relação ao índice da Bovespa (Ibovespa), de abril de 2003 a abril deste ano. A estimativa foi feita com base em amostra das ações ON e PN da Brasil Telecom (BrT), Brasil Telecom Participações, Telemar Norte Leste, Tele Norte Leste Participações; Telesp Participações e Data Holdings.
O estudo aponta apenas os questionamentos sobre a manutenção dos contratos e do marco regulatório como os responsáveis por esse prejuízo, uma vez que de abril de 2002 a abril de 2003 as fixas apresentaram uma valorização de R$ 6,5 bilhões na bolsa. Não são colocados no estudo, entretanto, considerações sobre os conflitos societários (no caso da Brasil Telecom), ineficiências de gestão, a pesada competição sofrida com a entrada das empresas de telefonia móvel e a queda geral que as empresas de telefonia fixa vêm sofrendo em todo o mundo desde o fim da bolha da internet. Nos EUA, com exceção da BellSouth em 2003, todas as principais operadoras fixas registram quedas seguidas nas bolsas desde 2000.

Retorno de investimento

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De acordo com o trabalho da Animec, mesmo apresentando um Ebitda crescente após a privatização – o lucro operacional da BrT, CTBC, Telemar, Sercomtel e Telefônica somado passou de R$ 7,084 bilhões em 1999 para R$ 14,568 bilhões em 2003 ?, os investimentos geraram custos elevados que, isoladamente, não dão retorno suficiente para cobrir seus custos. O setor teria investido cerca de US$ 19 bilhões desde a privatização, dos quais US$ 14 bilhões (73%) foram consumidos para cumprimento de metas de universalização e qualidade, que eram parte dos editais de privatização e, portanto, previstas no business plan dos investidores. ?Os lucros do setor, aparentemente elevados, são insuficientes para remunerar os investimentos realizados?, diz o documento. Entre 1999 e 2003, o setor teria destruído um valor de R$ 34,4 bilhões, um ?montante que precisa ser recuperado no futuro para justificar os investimentos realizados e atrair novas rodadas de investimentos?. É bom lembrar que o contrato de privatização vale por 20 anos, sende esse, portanto, o horizonte imaginado pelo modelo de venda das empresas do Sistema Telebrás. Em alguns casos, cujos controladores são grupos financeiros, como a Brasil Telecom (com o Opportunity e o Citibank), os acordos iniciais de constituição dos fundos de investimentos previam a realização dos investimentos até 2005 ou, no máximo (se a gestão do Opportunity for renovada), até 2007.

Assinatura básica

O documento da Animec afirma ainda que a extinção da cobrança da assinatura básica dos terminais fixos geraria perdas anuais de R$ 5,9 bilhões em ?lucro econômico? (lucro operacional menos o custo do capital empregado na operação). A cobrança de assinatura básica está sendo questionada em diferentes projetos no Congresso Nacional dada a pressão pela redução do custo do serviço de telefonia. Algumas operadoras entrantes já oferecem o serviço de telefonia sem a franquia mínima, como fazem as incumbents.
Até o final de 2003 o setor contava com cerca de 5,5 milhões de acionistas minoritários, segundo a Animec, e apresentava valor de mercado de R$ 65 bilhões, equivalente a 21% no Ibovespa.

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