Muitos analistas começam a imaginar que, ultimada a compra do controle da Embratel, os mexicanos partiriam para a compra das PN em poder do público e assim fechar o capital.
Seria, é verdade, uma solução para a Telmex obter um custo médio menor pela empresa, melhorando ainda a relação entre o valor da empresa e o EBITDA. De acordo com Jeffrey Noble, do BBVA, a relação, que era de quatro vezes, subiu para 5,1 com a compra da Embratel (contando os US$ 360 milhões da MCI e os US$ 640 milhões dos minoritários com tag along) e poderia voltar para o patamar de quatro vezes com a aquisição do total das PN por um valor estimado de US$ 574 milhões.
Mas o próprio Noble não acha que essa é uma boa aposta num futuro previsível. ?Nós duvidamos que a Telmex vai querer dar um mergulho tão significativo em um mercado não-mexicano, particularmente em um relativamente arriscado negócio como o de longa distância e dados, que é o core business da Embratel?. A exposição total, no caso, seria de US$ 1,2 bilhão.
Para quem é bom
É interessante notar que nenhum especialista ouvido por TELETIME News, pelo menos com algum entusiasmo, acredita que a compra da Embratel seja exatamente boa para a Telmex. Isso porque o futuro do tráfego de longa distância não é muito animador.
Em compensação, outras empresas do grupo liderado pelo empresário Carlos Slim podem ser muito beneficiadas. É o caso da Claro, com óbvias sinergias entre as operadoras de celulares com longa distância, dados e, com o tempo, telefonia local da Embratel. Jeffrey Noble observa que se a Telefônica conseguisse comprar a Embratel, poderia vender pacotes completos de telefonia local, longa distância, dados e celular, o que seria um problema sério para a Claro.
Jacqueline Lison, da Fator Corretora, acha que os minoritários preferencialistas acabarão sendo beneficiários, no médio prazo, porque a Embratel terá mais fôlego para crescer.
Logo de início, a companhia brasileira pode ter um grande desconto no custo da sua dívida. Nos braços da MCI, sua taxa de juros efetiva externa (em dólares) é de aproximadamente 13% anuais, segundo se extrai do balanço do quarto trimestre de 2003. No ninho da Telmex, cuja taxa foi de 4,8% ao ano no fim do ano passado, os juros poderiam cair para algo entre 8% e 9%. Como calcula Noble, isso pode representar uma economia anual de US$ 50 milhões. O fato é que as ON da Embratel já voltaram para R$ 9,67, com alta de 29% desde sexta-feira.
Para quem é ruim
Jacqueline Lison, que continua recomendado a compra de Embratel PN, diz que a compra da Embratel pela Telmex poderá afetar negativamente as ações das empresas de
telefonia fixa local (Telefônica, Brasil Telecom e Telemar). Primeiro porque elas passam a ter pela frente um competidor realmente de peso. Depois, porque diminui a possibilidade de que a Telmex venha a comprar outros ativos de telefonia fixa no Brasil ? ou seja, diminui o interesse dos mexicanos pela Telemar.
Até agora, porém, o efeito negativo foi moderado. De sexta-feira para cá, com exceção das ON da Telesp Fixa (+4%) e da operadora Brasil Telecom (+0,9%) todos os demais papéis do segmento se desvalorizaram entre 0,1% e 4,6%. O pior desempenho foi o da Telemar operadora (-4,6%), mas isso tanto pode ser em função da perda de interesse da Telmex por ela, quanto pelo simples fato de ser o papel de maior liquidez em um mercado em queda.