Qual o impacto da compra da AT&T Wireless pela Cingular nas futuras aquisições do mercado de telecomunicações? Afinal, o preço pago indica que as cotações estão em alta, ou ainda permanecem na bacia das almas?
Os analistas, tanto nos Estados Unidos como no Brasil, acreditam que ainda é cedo para avaliar.
Sabe-se agora que pagando US$ 15 para cada uma dos 2,714 bilhões de ações da AT&T, a Cingular desembolsou quase US$ 41 bilhões. O preço por assinante (são 22 milhões no total) foi de US$ 1.850,78. Cerca de 26% abaixo dos US$ 2.500,00 que chegou a prevalecer mundialmente por volta de 1998 e muito inferior aos US$ 5 mil dos tempos mais loucos da euforia telefônica.
Se na comparação for utilizado o faturamento por cliente (ARPU), a AT&T foi de graça. Considerando que a ARPU americana em dezembro foi de US$ 60 e a da TCO US$ 13, o preço equivalente da AT&T poderia chegar a US$ 3.230.
Também do ponto de vista do custo de aquisição de cliente o preço pago pela Cingular foi bem mais razoável do que o preço brasileiro. Para a TCO, esse custo é de US$ 25,50, equivalendo a apenas 3,64% dos US$ 700 por assinante pagos pela Telesp Celular. Já para a AT&T, o custo de aquisição de clientes, que envolve volumes muito grandes de subsídios, chega a US$ 392, ou 21,2% dos US$ 1.850 pagos por assinante pela Cingular. Ou seja: no Brasil ainda há mais estímulo para montagem de rede nova do que nos Estados Unidos.
Mercado animado
O mercado de ações norte-americano gostou da aquisição da AT&T pela Cingular Wireless.Tanto que nos últimos cinco pregões o segmento de telefonia celular teve alta de quase 8% contra quedas de 3,3% das fixas e de 0,35% do índice Dow Jones. Evidentemente, a vedete foi a própria AT&T, que para caminhar para os US$ 15 pagos pela Cingular, subiu US$ 22,58 e ainda tem um upside de quase 9% no curto prazo.
Quem também se beneficiou foi a Verizon Wireless, mas por motivo oposto. Subiu 3% porque os investidores acreditam que a empresa se livrou de um grande prejuízo que teria se comprasse a AT&T.