Fabricantes vinculam produção local a política industrial

Para Alfredo Acebal, vice-presidente de relações institucionais da Huawei, as operadoras de telecomunicações é que deveriam "conduzir a vanguarda do desenvolvimento da sociedade da informação". Em apresentação durante a Futurecom, ele lembrou que hoje os apenas os investimentos das duas maiores teles norte-americanas (AT&T e Verizon) no seu mercado doméstico supera os investimentos de todas as empresas de Internet do mundo. "Isso mostra que as operadoras estão fazendo um investimento enorme para se transformar em telcos digitais e nos países em que operam". Ele também comentou a questão da política industrial brasileira lembrando que a Huawei tem produção local, mas lembrou que hoje o modelo de cadeia de suprimentos é global e é preciso que o país abrace a globalização. "O protecionismo não funciona a longo prazo e quanto antes o Brasil se globalizar melhor", disse.

A questão da política industrial foi pauta dos debates da Futurecom por conta dos riscos de mudança na Lei de Informática em decorrência das disputas na OMC, o que pode afetar a fabricação de equipamentos no país (a Ericsson, por exemplo, informou ao governo que o risco de fechar sua fábrica no país é real). Para Aluizio Byrro, chairman da Nokia no país e diretor da Abinee, "a situação competitiva no Brasil é complicada e é difícil aumentar a nacionalização dos equipamentos (usados pelo setor de telecomunicações)". Srgundo ele, os incentivos existentes hoje (Lei de Informática e o REPNBL), são repassados diretamente para os operadores. "Em um mercado protegido você consegue justificar uma produção legal. O que solicitamos junto ao ministério e Anatel é que agente implemente uma política industrial que dê à indústria segurança para produção local", mas ele mesmo ressalta que "manufatura deixou de ser relevante" já que hoje a parte de software das soluções de telecomunicações já é dois terços das receitas. "Precisamos de  uma política sadia e perene, e estamos auxiliando o governo nessa política, mas sabemos que alguma penalização virá. Temos que ter uma política focada no mercado externo", disse ele.

Sérgio Quiroga, presidente da Ericsson na América Latina, disse que a indústria espera uma definição sobre a política industrial e que isso pode afetar também a pesquisa e o desenvolvimento no país. Ele ressaltou ainda que o momento é ruim por conta da queda nos investimentos das operadoras, mas espera que um novo ciclo de disrupção das operadoras, sobretudo na transformação digital e na forma de prestar o serviço, leve a um novo ciclo de investimentos, já que o novo ciclo tecnológico deve vir com 5G apenas em 2020 e não existem grandes mudanças regulatórias (como venda de espectro) no horizonte imediato.

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