Liberação dos 700 MHz promoverá LTE-Advanced no Brasil, apontam operadoras

O desligamento da TV analógica no final de março em São Paulo é apenas uma etapa de um longo caminho que as operadoras têm percorrido para poder usar a faixa de 700 MHz e se estabelecer de fato com a tecnologia 4G no Brasil. Desde janeiro de 2014, quando ocorreu o leilão da frequência, as teles vislumbravam os benefícios da banda, como a melhor cobertura e maior penetração indoor. Mas agora, a promessa é que o LTE-Advanced, uma versão "turbinada" da 4G, virá a tiracolo. Isso porque, além do novo espectro, as empresas têm procurado executar o refarming em 1,8 GHz, que, aliado ao 2,6 GHz, que já era destinado para a tecnologia, permitirá agregar portadoras e usar as faixas com melhor eficiência.

O processo ainda demorará um pouco na capital paulista. Segundo a EAD, o período de limpeza de espectro na cidade precisará ser atrelado também aos municípios do entorno, que, por sua vez, só terão o sinal de TV analógica desligado em setembro – a partir daí, conta o prazo de nove meses usuais que as teles terão para fazer os ajustes finais e, enfim, lançar a rede comercialmente em meados de 2018. Algo semelhante, porém, só deverá acontecer no Rio de Janeiro. Para a Vivo, não é por falta de expectativa. A companhia afirma já estar se preparando para o ligamento, enquanto executa o refarming em 1,8 GHz. "Do ponto de vista de prontidão da infraestrutura, já estamos preparado, temos a estrutura com capacidade para 700 MHz, só não está ligada agora", declara o COO da operadora, Rodrigo Dienstmann. Ele acredita que a implantação em São Paulo será relativamente rápida, sem problemas de interferência, mas trazendo ainda mais benefícios com o aumento da penetração indoor.

"A estratégia de carrier aggregation é fundamental", diz o executivo. Ele explica que usar os mesmos fornecedores para todas as bandas é mais simples, apesar de a tecnologia ser padronizada. A Vivo tem como fornecedores de LTE a Ericsson e a Huawei, e já executou a agregação logo na primeira cidade a ter a faixa de 700 MHz ligada no País: Rio Verde (GO), ainda que sem os 5 MHz da banda de 1.800 MHz. Os efeitos foram sentidos na rede da companhia: a maior cobertura 4G descarregou a rede de 2,6 GHz, além da própria 3G, deixando a infraestrutura com uma "melhora significativa" no desempenho.

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A estratégia da empresa, no entanto, vai além de São Paulo e da agregação de portadoras. Dienstmann explica que a filosofia da Vivo é a de implantar a portadora em 700 MHz nas cidades próximas do switch-off analógico, mas ainda desligada, usando a frequência como base do planejamento. "Como o grid foi basicamente desenhado com banda A e banda B (em mente), é com 800 MHz, então já está preparado para o 700 MHz". Nas cidades onde o switch-off estiver ainda muito distante, a estratégia será a de usar 1,8 GHz.

O refarming para liberar 5 MHz nessa banda é relativamente fácil, segundo Dienstmann, mas a estratégia da Vivo passa por mais capacidade. A companhia está com pilotos em uma "cidade grande paulista e uma bem pequena no Paraná" para tentar realocar mais acessos 2G para a faixa de 850 MHz. Para o executivo, o importante não é a quantidade de cidades cobertas, mas a possibilidade de chegar nelas com pelo menos 20 MHz de capacidade em LTE. "O fato é que hoje, o que compõe a cesta de percepção de qualidade do cliente móvel tem a ver com velocidade e latência, mas tem muito a ver também com a cobertura, a disponibilidade da rede em geografia, em indoor, e quando está estável, não cai. É a cesta que a gente usa como benchmark."

Onde possível

A TIM já começou a liberar mais espectro na faixa de 1,8 GHz, uma vez que executa o refarming há pelo menos um ano e meio. Com isso, a companhia foca na estratégia de poder levar a 4G ao maior número possível de cidades: a operadora encerrou o ano passado com 1.255 cidades, e planeja chegar a mais de 2 mil em 2017. Somente no Estado de São Paulo já cobre mais de 500 municípios – todos com 1,8 GHz, e alguns com 2,6 GHz.

A companhia planeja ligar a rede LTE em 700 MHz nas cidades do Centro-Oeste, Norte e Nordeste onde já é possível a convivência do serviço com a TV analógica. É particularmente útil nessas regiões de vastas áreas isoladas, já que a faixa oferece cobertura maior. "Quando olhamos para a oportunidade do que já está liberado e para o que conseguimos avançar só com o remanejamento (onde há convivência com a TV), abre-se oportunidade para que a gente possa utilizar de forma bem extensiva ainda em 2017", declara o CTO da TIM, Leonardo Capdeville. Será um trabalho diferente do refarming, uma vez que será preciso não apenas instalar novos equipamentos, mas também adequar os já existentes nas antenas, torre e rooftops para que suportem a nova frequência. Os fornecedores da empresa, que foram "rebalanceados" na participação da rede, são Ericsson, Nokia e Huawei.

Mas, de fato, o LTE-Advanced também é um pilar estratégico para a companhia. Capdeville diz que atualmente, pelo menos 17% dos terminais da base já suportam a agregação de portadoras. "Esse número deve alcançar os 20% bem rápido, pois os terminais novos, na grande maioria, já suportam a agregação", declara. O executivo garante que, para o cliente, não haverá mudança em preços e tarifas, e ele poderá migrar para a nova tecnologia de maneira transparente, desde que seu aparelho seja compatível.

No caso específico de São Paulo, a estratégia da empresa é tentar buscar a liderança com o LTE-Advanced como suporte. "Estamos fazendo hoje com 1,8 GHz e 2,6 GHz, estamos falando de 503 cidades cobertas no final do ano passado, e a medida em que o 700 MHz for disponibilizado, vamos usar de forma mais extensa possível", afirma, alegando que indicadores mostram uma cobertura "de 15% a 20% maior do que outras operadoras".

Timing

A disponibilidade da faixa de 700 MHz será determinante também para a Ericsson, que apresentou queda na receita na América Latina nos últimos trimestres. Assim, a companhia se preparou para a nova demanda trazendo para sua fábrica em São José dos Campos (SP) a produção da estação radiobase nova Ericsson Radio System (ERS). Segundo o vice-presidente da companhia no Brasil, Eduardo Ricotta, além da nova frequência, o refarming também será importante para o mercado porque "todo mundo está fazendo", e isso ajudará a decretar a morte da tecnologia legada 2G. "Nos próximos meses você vai ouvir preocupação com a rede", diz.

Como a Ericsson tem contrato com as grandes teles no País, a aposta é no ERS com a promessa de reduzir o Opex das teles. "A gente trouxe a produção para o Brasil porque faz sentido, por causa dos incentivos que a gente tem; e na questão da escala, o 700 MHz é importante", declara. "Conseguimos encaixar bem o novo produto porque, ao mesmo tempo que usam a nova frequência, estão usando rádio super moderno, e isso traz benefício para a operadora."

3 COMENTÁRIOS

  1. Parabéns a TIM pela mudança estratégica adotada nestes últimos 1,5 anos; esforçado em mudar a imagem de uma empresa distribuidora de "chip's" para uma empresa que vende tecnologia em telecomunicações. Bom para os acionistas que visam rentabilidade e para nós usuários, que ganha em qualidade na prestação de serviços de alto valor. A meu ver, é uma das melhores em termos de "custo x beneficio". A Oi também é bem competitiva em se tratando de custo, mas com uma rede sucateada (péssima na qualidade de ligações) e baixa cobertura 4G. A VIVO deve ser excelente, visto o seus valores, mas creio que não compensa pagar 150% a mais por um plano pós idêntico aos concorrentes. A Claro tem ótima qualidade (experiência própria) mas entra no mesmo caso da VIVO (alto custo) e ainda tem o fato dela e VIVO fazerem distinções de preços e pacotes de sobre chamadas On ou Off-net.

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