Netflix promete investir até US$ 8 bilhões em conteúdo no próximo ano

A Netflix prevê investimentos entre US$ 7 bilhões e US$ 8 bilhões em conteúdo no próximo ano, contra US$ 6 bilhões em 2017. Este foi o principal número da divulgação de resultados do terceiro trimestre. Segundo Ted Sarandos, chief content officer da empresa, a meta ainda é chegar a 2020 com 50% do portfólio em conteúdo original, mas esse número tende a ser superado se fo contado o conteúdo exclusivo, não necessariamente produzido pela Netflix.

"Nosso futuro depende de conteúdo original exclusivo, que dê satisfação aos assinantes da Netflix em uma grande variedade de gostos", disse o presidente executivo da empresa, Reed Hastings, em carta aos acionistas.

Internacional

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A operação internacional do serviço de streaming finalmente superou sua base local, nos Estados Unidos, com 4,45 milhões novos assinantes. Com isso, a Netflix tem 52,7 milhões de assinantes na operação internacional, contra 51,4 milhões nos Estados Unidos.

Com a conquista de 5,3 milhões de novos clientes no terceiro trimestre, o serviço totaliza 104 milhões de usuários pagantes.

O crescimento previsto para o último trimestre de 2017 é ainda maior. A empresa espera conquistar 6,3 milhões de novas assinaturas, mantendo a aposta no lançamento de conteúdos originais para atrair novos clientes.

No terceiro trimestre, a Netflix faturou US$ 2,99 bilhões, uma alta de 30,3% em relação ao mesmo período do ano passado. O lucro foi de US$ 130 milhões, distribuindo US$ 0,29 por ação.

Estratégia

A principal crítica que se faz à Netflix é em relação à baixa rentabilidade diante das necessidades crescentes de gastos com conteúdos originais e aumento dos custos de licenciamento. Uma empresa hipervalorizada pelos analistas, mas que não dá dinheiro e pode estar vivendo em uma bolha.  Entretanto, a empresa não esconde que esse é um risco que ela está disposta a correr para tomar mercado, e a estratégia tem dado resultados, com um avanço significativo no mercado internacional. Até aqui, o crescimento de receitas com a conquista de novos mercados parece estar compensando o aumento de custos

Na conferência com analistas após o anúncio dos resultados e, sobretudo, na entrevista com os principais executivos realizada após a conferência, ficou evidente que se existe uma coisa que a Netflix tem, hoje, é uma estratégia clara e simples: investir em conteúdos originais de forma global; expandir a sua presença internacionalmente (nesse momento, com forte foco na Ásia); desenvolver tecnologias que permitam a diversificação de plataformas, com encoders mais eficientes que permitam a transmissão de conteúdos em alta qualidade, seja para dispositivos móveis e rede de banda larga menos robustas, seja a distribuição embarcada de streaming em aviões (anunciada para 2018).

Não existe desvio nesta estratégia: investimentos em esportes, como tem feito o Facebook? Reed Hasting, CEO da empresa diz que não, pelo menos no horizonte visível. Conteúdos e modelos patrocinados, como tem explorado a Amazon? Também não. A resposta dele é trivial. "Novos entrantes precisam testar modelos. Nós ficamos no que funciona".  Com um crescimento de mais de 5 milhões de clientes por trimestre, Reed não vê razão para mudar a estratégia.

A disputa por talentos e uma possível inflação nos custos de produção também parece não assustar. Segundo Hasting e Sarandos, isso acontece em pontos isolados, para produções blockbuster na busca por "unicórnios" por parte da concorrência, mas na média os custos de produção seguem bastante previsíveis e sob controle, dizem. Tem ajudado muito a empresa a estratégia de diversificar essas produções em vários países, tirando vantagem de diferentes cenários competitivos, custos locais e eventuais incentivos. Para 2018, o que se espera ver na Netflix é um aumento na produção de filmes de longa-metragem, de oito títulos este ano para 80 títulos.

A entrada de novos concorrentes, sobretudo nas plataformas das próprias empresas de mídia, também parece não alterar o curso da estratégia desenhada. "A Disney tem um grande conteúdo, mas crescemos no mundo sem ter os direitos deles na maior parte dos países", diz Hasting, ao comentar a estratégia da Disney de não mais distribuir seus conteúdos pela Netflix e optar por uma plataforma própria. Para Ted Sarandos, o avanço dos grupos de mídia tradicionais no universo OTT é saudável e só ajudará o crescimento do mercado de TV por streaming e não-linear, uma tendência que a Netflix vê como consolidada e irreversível. Para a Netflix, fazer o bolo crescer, mesmo que isso crie mais concorrência, é um bom negócio.

1 COMENTÁRIO

  1. Pelo visto, Netflix vem com tudo em 2018. Só não é muito legal querer se consolidar como plataforma que oferta apenas conteúdo próprio, repetindo os passos da Disney. Nesse cenário, como ficam, por exemplo, as produtoras audiovisuais independentes? Onde irão divulgar seu conteúdo e como será seu retorno financeiro?

    Acho que será um repeteco do que acontece em muitos mercados de TV aberta, com emissoras fechadas em si mesmas. Só exibem produções próprias e não abrem espaços para conteúdos independentes.

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