Cabo Angola-Brasil começará a ser construído em novembro

Se por um lado a estratégia de um cabo ligando Santos e Fortaleza (com uma expansão para Maldonado, no Uruguai, em uma segunda fase) à cidade de Boca Raton, na Flórida, já começa a tomar forma de maneira relativamente rápida, com "começo imediato", o cabo que ligará o Brasil a Angola só agora começa a sair do papel. O projeto anunciado em 2011 iria contar com a Telebras, mas as negociações desandaram. Entretanto, de acordo com o CEO da Angola Cables, António Nunes, a construção desse projeto começará em cerca de um mês. Embora já não conte mais com a parceria, o investimento se mantém em US$ 160 milhões.

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"Vamos anunciar o cabo para o mês que vem – não está pronto, é o começo do projeto", disse Nunes em conversa com jornalistas nesta terça-feira, 14, na Futurecom. Ele confirma também que o prazo para a conclusão da rota que interligará Fortaleza com Luanda é para até o final de 2016 – mesmo período previsto para finalizar o cabo do consórcio com o Google, Antel (Uruguai) e a brasileira Algar Telecom.

Nunes explica que houve dificuldades com a parceria no Brasil. "O governo brasileiro se focou demais na infraestrutura nacional para dar apoio à Copa e tivemos que avançar no processo", disse ele. "Mas a parceria com o governo foi de maneira aberta, não há nenhuma falta de parceria ou de entendimento com a Telebras, muito pelo contrário", afirma, confirmando, entretanto, que a Angola Cables está trabalhando e investindo sozinha na construção.

A empresa incluirá ainda um data center em Fortaleza – na verdade, um landing point, ou o ponto onde seria construída a instalação. "Se formos construir o data center, o investimento será maior", declara Nunes. Ao todo, incluindo os dois cabos submarinos e o landing point, a Angola Cables fará um aporte de US$ 270 milhões. "Se existir demanda no mercado em Fortaleza, se a região precisar fazer mais coisa para acomodar (a capacidade), faremos. Aí vamos prestar serviço em Fortaleza, dentro de nosso sistema", disse.

Consórcio

Já o consórcio que interligará Santos e Fortaleza a Boca Raton não teve a quantidade total de investimentos confirmada. Segundo o gerente de parcerias de desenvolvimento de infraestrutura de Internet para a América Latina do Google, Cristian Ramos, não é uma conta fácil. "A gente tem investimento mais da infraestrutura acessória, é uma cifra que não estamos divulgando", disse ele quando perguntado sobre o aporte da companhia no projeto. No total, entretanto, ele deu uma margem: "É perto de US$ 500 milhões, mas não é US$ 500 milhões", disse.

Ramos garante que a quantidade de investimentos de cada um é proporcional à capacidade contratada – o Google e a Angola Cables terão dois pares de fibra cada uma. Como o investimento  da angolana seria de cerca de US$ 110 milhões, teoricamente o valor desembolsado pela norte-americana (que afirmou que o objetivo é para gerar capacidade interna para seus serviços no Brasil) seria semelhante. Mas a conta não fecha, já que a Algar colocará US$ 60 milhões, e a Antel mais US$ 73 milhões, dando um total de US$ 355 milhões.

"Para Antel e para o Google, esse projeto não termina em Santos. Vamos continuar até o Uruguai, é um processo que estamos trabalhando. Essa primeira fase é a mais difícil porque é a maior, são mais de 10 mil km, mas é uma primeira fase do projeto que continua", disse a presidenta da Antel, Carolina Casse. Ela diz que essa segunda fase não tem prazo para começar, mas que não necessariamente será apenas depois de 2016, pois o projeto é feito em paralelo. Uma coisa, entretanto, está em desacordo: Cristian Ramos não confirmou parceria com a operadora do governo uruguaio. "Estamos pensando no cabo para o Brasil", enfatizou, desmentindo acordo com a Antel. "Sempre analisamos parcerias, mas ainda temos dois anos para instalar esse cabo", completou.

Para a Algar Telecom, o investimento é menor porque a operadora já conta com a infraestrutura. "Nosso backbone nacional que interliga o centro do País em direção ao Sul já passa na orla de Santos, então temos facilidade de não ter que construir praticamente nada", disse o diretor-presidente da operadora, Divino Sebastião de Souza. "Nossa estratégia é primeiro atender a demanda e realmente vender capacidade, e não escolhemos cliente não, o que precisar e der certo na negociação, vendemos", complementou.

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