Problema de interferência entre TV e LTE no Reino Unido foi menor do que o estimado

O problema de interferências entre as transmissões de banda larga móvel em LTE, na faixa de 800 MHz, e a recepção dos sinais de TV digital que utilizam faixas próximas do espectro pode não ser tão crítico quanto parece. Em uma sessão dedicada ao tema realizada durante a IBC 2015, que aconteceu nos últimos dias em Amsterdã, foram apresentados estudos comparando as interferências projetas em simulações e os resultados práticos coletados depois de dois anos de transmissões móveis na faixa de 800 MHz (no Reino Unido foram licitadas as faixas de 800 MHz para LTE e futuramente a faixa de 700 MHz também será utilizada). Segundo o consultor independente Andrew Dumbreck, de fato existem problemas de interferência, mas eles se mostraram bem menos críticos do que as projeções iniciais indicavam. Vale destacar que estes estudos de interferência realizados no Reino Unido foram importantes para determinar uma série de obrigações e políticas estabelecidas no Brasil para a limpeza da faixa de 700 MHz.

Segundo o consultor, havia, pelas modelagens feitas pela Ofcom (órgão regulador britânico), 2,7 milhões de domicílios passíveis de sofrer com a interferência, dos quais 900 mil recebiam exclusivamente o sinal pela TV aberta. Na prática, o volume de interferências confirmadas foi de 6,7 mil casos até maio deste ano, com dois anos de implementação das transmissões móveis na faixa de 800 MHz (a canalização no Reino Unido não é exatamente a mesma do Brasil, pois a TV ocupa uma faixa de 8 MHz, contra 6 MHz no Brasil, mas o problema é fundamentalmente o mesmo). Isso é bem menos do que o esperado inicialmente, quando se estimava em pelo menos 10% a quantidade de lares com interferência. Essa variação, explica ele, se deve a uma série de fatores: forma como os sistemas de TV digital são instalado, características dos próprios televisores, distâncias das ERBs de celular, distância entre o usuário de celular e o televisor, topografia, tipo de ambiente doméstico etc. "A verdade é que essas variáveis se tornaram muito complexas para serem simuladas e por isso fizemos uma projeção considerando apenas o pior cenário", explica o consultor.

Segundo Mark Waddell, lead technologist da BBC R&D, há muita incerteza em prever as interferência e uma delas é a performance dos próprios televisores. Segundo ele, até mesmo o tipo de uso que se faz do celular perto do televisor pode determinar mais ou menos interferência. Uma videoconferência implica muito mais ruído no espectro do que uma simples troca de mensagem.

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Segundo Dumbreck, a constatação prática de que as interferências não eram tão significativas gerou uma mudança nos procedimentos de mitigação. Em vez de se optar por enviar pelo correio uma grande quantidade de filtros de recepção, por exemplo (modelo que será usado no Brasil), no Reino Unido optou-se por instalar os filtros sob demanda. "Nesse sentido, acabou sendo mais necessária uma forte campanha de divulgação e atuação proativa da entidade responsável pela mitigação por meio das redes sociais", explica ele. Originalmente estava previsto o envio de filtros para um terço dos domicílios nas áreas afetadas na simulação.

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