Para presidente do Bell Labs, privacidade e neutralidade não serão desafios para novas tecnologias

Um passeio pelo Bell Labs, com algumas apresentações de alguns de seus pesquisadores, mostra rapidamente que o caminho no futuro das redes de telecomunicações passa por redes cada vez mais atreladas ao usuário. A possibilidade de entregar serviços diferentes para usuários diferentes, dependendo do contexto (necessidades e demandas do usuário, localização, presença, informações ambientes etc) parece ser o futuro inexorável das tecnologias que virão. Mas em um ambiente com regulação mais rigorosa em relação à privacidade das informações pessoais e com regras de neutralidade de rede mais duras, isso seria possível? Essa pergunta foi feita por este noticiário para Marcus Weldon, presidente do Bell Labs e CTO da Alcatel-Lucent.

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Para ele, o trabalho de pesquisa e desenvolvimento das inovações que chegarão ao mercado não pode ser pautada por questões de curto prazo, mas com uma perspectiva de longo prazo. Para ele, a questão da privacidade é e sempre será um desafio. Mas ele acredita que o processo de evolução das redes, com mais elementos virtuais, mais software em lugar de hardware, apesar de aparentemente criar mais fragilidade à segurança dos dados, é na verdade uma garantia adicional aos usuários, pois cria a possibilidade de várias camadas de criptografia e proteção das informações, o que não existe nas arquiteturas tradicionais.

Outro aspecto, pondera Weldon, é uma mudança cultural. Segundo ele, pensar nos futuros serviços e possibilidades dos serviços de telecomunicações com as mesmas preocupações de privacidade de gerações passadas não é o enfoque que se pode ter no desenvolvimento das tecnologias. Para ele, é preciso entender que existe uma geração crescendo com a disposição de abrir mão de sua privacidade em um determinado nível em troca de serviços inovadores. Não quer dizer, diz ele, que não se possa dar a opção de mais privacidade às pessoas, mas isso será uma decisão de cada um.

Neutralidade

Em relação a regras mais estritas de neutralidade de rede e seu eventual impacto no desenvolvimento de tecnologias e serviços inovadores, Weldon acredita que esse é um problema que não existirá nos próximos anos. Segundo o presidente do Bell Labs, o problema da neutralidade se resolve essencialmente com competição, e a forma como as redes estão se desenvolvendo permite que diferentes partes das redes sejam operadas por diferentes empresas, e isso será uma barreira natural à qualquer ameaça à neutralidade de rede. Ele exemplifica: no futuro, em uma rede móvel, o operador das small cells pode não ser o mesmo do operador do backhaul da rede, que pode não ser o mesmo operador do core da rede ou nem mesmo o prestador de serviço. Não significa que essa seja a tendência do mercado, mas as redes do futuro, diz ele, estão sendo desenhadas para esse cenário inclusive.

Tendência única

Em relação a uma tendência única que poderia sintetizar a evolução tanto das redes fixas quanto das redes móveis ele resume com uma expressão: "fiber deep", ou seja, aprofundamento da capilaridade das redes de fibra. Segundo Weldon, tanto as redes fixas como as redes móveis precisarão de uma rede de fibra cada vez mais profunda e capilarizada. Essa é a única forma, segundo ele, de driblar os limites físicos da falta de espectro ou das redes de acesso em cobre.

Outra tendência é a migração dos serviços para a nuvem. Segundo Weldon, nas últimas décadas as pessoas e empresas fizeram uma escolha pela mobilidade e pela conveniência de dispositivos pessoais, e esses dispositivos não têm nem capacidade de bateria quanto processamento necessárias para desempenhar todas as funções que serão demandadas dos dispositivos. A solução para esse problema, diz Weldon, é migrar as aplicações para a nuvem.

*O jornalista viajou a convite da Alcatel/Lucent

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