Adoção aos serviços de TV móvel preocupa mercado

Em 2007, o grande tema que dominou os debates do Mobile World Congress foram as aplicações de mobile TV. Este ano, o tema está na pauta, mas com um viés de baixa: os serviços estão demorando mais do que o esperado para decolar, o que está deixando os operadores preocupados e os desenvolvedores de conteúdos receosos. Alguns pontos têm sido apontados como as causas para os problemas que os serviços de TV móvel estão enfrentando: desafios de natureza regulatória em muitos países, falta de espectro, custo ainda elevado de investimentos em rede, cobertura limitada, falta de cultura da indústria de telefonia para entrar neste segmento e os hábitos dos usuários, que ainda não se adaptaram a um conceito de TV no celular.
"O primeiro equívoco é ver mobile TV como televisão em um celular. Não é esse o conceito. Mobile TV é TV pessoal", diz Jean Luc Jezouin, vice-presidente da Nagravision, empresa que fornece plataformas, endereçamento e criptografia para a maior parte das operações de mobile TV no ocidente.
Para Avi Fischer, fundador da Surf (empresa de integração de conteúdos em múltiplas plataformas), outros problemas podem ser apontados nas experiências de mobile TV existentes, como a falta de conteúdos diferenciados e adaptados para o formato, a falta de conteúdos esportivos (em função do custo e do empacotamento dos direitos) e a dificuldade de se conseguir ter acesso a conteúdos livremente. "Se o usuário quer um conteúdo fora do portal de sua operadora, ele provavelmente pagará uma conexão de dados caríssima e isso inviabiliza o desenvolvimento do mercado". Ele também aponta como problemas para o desenvolvimento das plataformas de mobile TV a pouca integração entre elas e a baixa qualidade das transmissões.

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Para Marc Fossier, CTO da France Telecom, os serviços de TV móvel devem ser entendidos como serviços de TV pessoal, que as pessoas assistem individualmente. "E é um erro achar que as pessoas não vão assistir a este conteúdo em casa". Ele diz que a France Telecom está satisfeita com o desenvolvimento dos seus serviços de TV móvel e diz que a tendência é que o serviço cresça com a popularização das redes 3G.

Unicast versus Broadcast

Unicast ou broadcast? Essa é uma discussão que assombra os operadores de telefonia celular quando o assunto é mobile TV. Broadcast é a transmissão constante dos conteúdos, como é hoje a transmissão das TVs tradicionais: um para vários, com todos os usuários assistindo ao mesmo conteúdo simultaneamente. O problema é que em geral esse tipo de serviço, além de exigir um canal específico, não permite nenhum tipo de personalização do conteúdo, o que é um contrasenso no mundo da internet e da mobilidade. Já as transmissões unicast, um para um, também demandam banda e não permitem um volume muito grande de usuários para não sobrecarregar a rede. Além disso, para ser rentável, um serviço unicast precisa de conteúdos que atraiam uma grande diversidade de usuários, o que não está disponível hoje no universo da telefonia celular.
No Brasil, com o modelo de TV digital adotado, em que as emissoras de televisão fazem a transmissão de seus conteúdos em broadcast para terminais móveis, poucos apostam que os operadores celulares adotarão alguma solução que não seja a transmissão personalizada.
Existem soluções para a transmissão broadcast, como o DVB-H, o ISDB-T (adotado no Brasil), o DMB (coreano), MediaFLO (mais difundido nos Estados Unidos) e agora começam os testes com o a tecnologia MBMS, que tem como diferencial a promessa de reduzir a necessidade por espectro adicional, já que funciona dentro da própria freqüência do serviço de celular. O MBMS, contudo, só funciona sobre redes 3G, o que a coloca como uma tecnologia para ser utilizada por operadoras já em estágio avançado de evolução das redes. As operadoras Orange e T-Mobile UK anunciaram o início de testes com a tecnologia em Londres nesta terça, 12, com plataforma da NextWave.

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